quarta-feira, 4 de março de 2009

A invenção de Orfeu


Há muitos anos, há distantes, longos anos, o poeta Luiz Carlos Guimarães me emprestou Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima, uma obra-prima que era então lançada em sua primeira edição. Trata-se de um raro momento da grande poesia em língua portuguesa e nós éramos dois adolescentes embriagados de poesia na pequena cidade onde vivíamos. Um dia Luiz Carlos voltou para sua terra e esqueceu o livro em minhas mãos. Foi ser juiz de direito no Rio Grande do Norte e escrever sua própria e bela poesia.

A Invenção de Orfeu, com seus sonetos que chegam muito perto da perfeição, acompanhou-me pela vida afora. Não foi perdido durante as mudanças enfrentadas, não se misturou com as coisas que se ganha e que se perde na vida.

Tornamos a nos encontrar, Luiz Carlos e eu, já maduros, ele já aposentado da profissão de juiz, sem sabermos que estávamos próximos da sua morte. Ele não quis o livro de volta e escreveu na página de rosto a dedicatória tardia – “para Celso, cinquenta anos depois”.

Um comentário:

Hugo Caldas disse...

Não tive a graça de conhecer o Luis Carlos e muto menos A "Invenção" do Jorge de Lima. Por conta desta sua bela postagem me deu de repente uma vontade imensa de conhecer algo de ambos. Procuro freneticamente na net. Obrigado mais uma vez. Hugo