sexta-feira, 30 de março de 2012

Bêbados


Norman Mailer disse que ficar bêbado é a mais inteligente forma de desespero porque num dia você se suicida e no outro acorda vivo. Disse também que tentava entender o mistério que existe em torno de todos os bêbados do mundo.

Ava Gardner tinha apenas uma queixa da velhice, a de não poder beber como antes. Winston Churchill confessou: “eu aproveitei mais do álcool do que ele se aproveitou de mim”.

Em 1954, William Faulkner tomou um pileque em São Paulo, abriu a janela do Hotel Jaraguá e ligou para seu agente: “em Detroit eu não fico”. Ele detestava Detroit.

sábado, 24 de março de 2012

O herói mítico do nosso tempo


A arte é purgadora das emoções, os gregos já tinham compreendido. No teatro da antiguidade, as paixões e os pesadelos apresentam-se na forma pura com a qual tomam posse das almas humanas. O cinema dos dias de hoje tem na figura do herói vingador um dos seus temas recorrentes e talvez esteja aí um dos símbolos do nosso tempo.

A busca da redenção toma a forma da vingança pelas ofensas sofridas e esta seria a única liberdade possível. O herói se bate contra a injustiça até se redimir, a si e aos outros, pela derrota do inimigo comum.

É a mesma luta dos romances de cavalaria, em que, ao contrário do herói trágico do teatro grego, existe a recusa em aceitar a derrota imposta pelo destino. Drive, em exibição nos cinemas, traz uma vez mais o herói mítico em sua eterna luta pela rendenção.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Joel e a tristeza


Joel Silveira morou sempre em Copacabana, na Francisco Sá, vizinho de Carlos Drummond de Andrade, que morava na Conselheiro Lafaiete e foi a única grande figura do seu tempo que não entrevistou. Em sessenta anos de jornalismo, Joel foi a melhor testemunha do que aconteceu no país em quase todo o século passado. Penso que ele foi o melhor repórter brasileiro em todos os tempos. Com a exceção, talvez, de Euclides da Cunha.

A marca de Joel era o bom humor e sobre a tristeza ele disse “quando estou triste e um pouco murcho, costumo escutar a Marcha Fúnebre da 3a de Beethoven, ou então, se não todo, trechos do Réquiem de Mozart. E falo comigo mesmo: - Isso é que é tristeza, idiota! A sua, factual, é apenas ridícula”.