quarta-feira, 29 de abril de 2009

Calipígias

A Vênus Calipígia tinha nádegas perfeitas, que Zeus lhe proporcionara em troca de alguns prazeres ilícitos. A procura pelo modelo calipígio é constante entre as nossas mulheres, a ponto de um fabricante de jeans ter dito, certa vez, que o Brasil é o único país no mundo em que as mulheres se vestem olhando-se de costas para o espelho. Porisso a sua marca de jeans procurava modelar as nádegas e era um sucesso no mercado feminino.

Nas academias, a ginástica voltada para os glúteos é predominante e as mulheres lhe dedicam a maior parte do tempo dos exercícios.

Um paradoxo, no entanto, ameaça o corpo feminino idealizado quando os médicos dizem pelos jornais que as brasileiras estão, em média, acima do peso indicado tanto pela medicina quanto pela estética. Suas nádegas abundantes estão a ganhar volumes que ultrapassam o modelo de Vênus Calipígia. A deusa grega foi substituida por uma mulher chamada Melancia.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Vacinação

A fila anda rápido porque são quatro as enfermeiras que aplicam a vacina com gestos rápidos e certeira pontaria com a ponta da agulha. Os idosos também se movem rápidamente porque os velhos, de maneira geral, são apressados. Velho tem pressa.

Eles saem do outro lado da tenda esfregando algodão no local da picada. Vejo que, como as crianças, alguns têm medo da agulha. Uma senhora esfrega o algodão no braço de outra que pergunta se há sangramento. Ela responde que sim, "uma hemorragia", e a outra se assusta, arregala os olhos de medo e baixa o rosto para ver o estrago. Era brincadeira, ela ri aliviada.

O assunto, enquanto a fila anda rápido, é a ameaça da gripe suína.

domingo, 26 de abril de 2009

Últimos desejos


O que você gostaria de fazer antes de morrer? Andar de moto sobre as muralhas da China, pular de pára-quedas e dirigir um carrão? Pois estes são alguns ítens da lista de últimos desejos de Jack Nicholson (Edward Cole) e Morgan Freeman (Carter Chambers), que se conhecem enquanto dividem um quarto de hospital na condição de doentes terminais. O filme é Antes de Partir (The Bucket List), de 2007, dirigido por Rob Reiner.

Além da lista em si, o que mais me intrigou nesse filme foi não saber por que o milionário Cole, dono do próprio hospital onde se encontra internado, divide o quarto com um desconhecido.

Hollywood tem uma receita infalível para arrastar audiências: misture atores famosos, situações limites, personagens simpáticos que carregam dramas pessoais e cenários exóticos. Adicione algumas cenas sentimentais e sirva na temperatura adequada ao gosto da classe média. Ela tem o mesmo paladar em todo o mundo.

sábado, 25 de abril de 2009

Fraldinha e outras


Para o fim-de-semana, uma receita de fraldinha que me foi enviada por Moacir Japiassu. Embora aqui esteja indicada a fraldinha, pode ser usada para qualquer outra carne da sua preferência.



Ingredientes

* 1 peça de fraldinha
* 3 colheres de sopa de mostarda de Dijon
* 3 colheres de sopa de azeite de oliva
* 1 colher de sopa de mel reconhecidamente puro
* 4 dentes de alho
* Suco de um ou dois limões
* 1 colher de sopa de sal
* 1 colher de sopa de ajinomoto
* 1 pitada de pimenta-do-reino
* Algumas gotas de molho de pimenta
(Bata muito bem no liquidificador e reserve)

Como fazer:

* Fure toda a carne com ponta de faca e sobre ela espalhe, dos dois lados, a mistura do liquidificador. Com o auxílio de uma colher é possível espalhar melhor. Deixe marinar, virando-a de vez em quando, por umas duas horas.
* Asse em forno ou churrasqueira, por uma hora, coberta ou embrulhada em papel-alumínio.
* Depois retire o papel alumínio e deixe assar até o ponto de sua preferência.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Taberna do Juca


O Baião de Dois, que é típico do Ceará, tem um similar em Cuba com o nome de Cristianos e Moros. Ambos definem com seus nomes um prato de feijão e arroz cozidos juntos, em tempos diferentes, para respeitar o ponto de um e de outro.

Na Taberna do Juca (Mem de Sá, 65), na Lapa, o cozinheiro deve ser cearense, como quase todos os chefs de botequim do Rio, pois o Baião de Dois estava bem feito e acompanhava uma carne de sol com excesso de gordura, provavelmente frita em óleo abaixo da temperatura correta. Dividi o prato com Maldonado, pois as porções são enormes e Humberto, o outro conviva no almoço de ontem, comeu a metade da capa de filé, que daria para alimentar bem duas pessoas.

O chope estava em temperatura adequada e encontra-se disponível uma boa carta de cachaças. No cardápio, alem das nossas pedidas, cabrito, javali, rabada, e leitão a pururuca. Preços razoáveis, entre R$ 15 e 32 para porções individuais onde podem fartamente comer duas pessoas.

Juca morreu este ano. Era um simpático português, proprietário de vários botequins cariocas, como esta taberna, o Serafim e a Tasca do Edgar, na Rua Alice, e o Boteko do Juca, também na Lapa.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Fausto

A tragédia de Fausto está sempre presente na imaginação dos homens porque vender a alma ao diabo é um mito que a prática jamais desmentiu. Fausto entrega sua alma em troca de vantagens materiais como quem violenta seus princípios e trái convicções para usufruir de benefícios que, no fim, vão lhe custar a perda das suas próprias referências humanas.

Vendem sua alma a satanás os que praticam ações que sabem ser moralmente condenáveis mas que lhe trazem algum lucro em termos de dinheiro, prestígio ou poder. Os que acreditam que a única medida de valor é o sucesso a qualquer preço.

Doka, velho boêmio de Belo Horizonte, de quem já falei aqui, dizia que o grande problema filosófico da humanidade é que Deus não existe mas o diabo existe. Quando se lhe vende a alma, ele sempre aparece para cobrar.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Epicure 108

O Epicure 108 encontra-se instalado neste mesmo número da rue Cardinet, no 17eme Arrondissement de Paris. É pouco mais que um bistrô, com cerca de vinte mesas atendidas por uma eficiente maitresse japonesa e seu garçon auxiliar. Sempre me impressiona a organização dos restaurantes franceses, onde um ou dois garçons dão conta de todas as mesas sem qualquer reclamação dos clientes.

A estrela do Epicure 108 é o chef Tetsu Goya, também japonês, que numa pequena cozinha e na companhia de um só ajudante produz pratos despretensiosos mas com uma diferença importante, que o destaca dos outros restaurantes do bairro: ele trabalhou na Alsacia e de lá trouxe uma cozinha de influências asiática, francesa e alemã que fazem o seu estilo. Seria o que se convencionou chamar de fusion, este modismo atual.

O lombo de robalo com tempura de camarões e legumes é um bom exemplo do seu cardápio, onde não se deve também desprezar, porque são experiências de ficar na memória, o rim de vitela ao pinot noir e spaetzles e o supremo de pombo assado ao foie gras.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O caminho dos Tamoios

O desvio de apenas 10 kilômetros levou uma hora de viagem. Esburacado e mal traçado, não foi feito para tráfego mas para acesso às propriedades rurais encravadas nas montanhas. A SP 171, que liga Guaratinguetá a Cunha, ficou fechada por duas semanas, desde que a erosão desmanchou um trecho onde as águas das chuvas teimam em seguir seu curso natural, invadido pela rodovia. Ontem, domingo, a estrada foi finalmente reaberta e o tráfego voltou à normalidade.

Este antigo caminho, que de Cunha segue até Parati, foi aberto pelos índios Tamoios para seus deslocamentos até o mar e, depois, utilizado pelos portugueses que exportavam o ouro de Minas para a metrópole. A estrada é hoje asfaltada no trecho paulista mas, ao cruzar a fronteira com o Estado do Rio, sem revestimento, fica imprestável para automóveis a maior parte do ano. É um trecho de grande beleza, com florestas primárias. Durante séculos, foi o único acesso a Parati.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

A fé


Na volta de um almoço num botequim da rua Senador Pompeu, perto da Central do Brasil, entramos no culto da Igreja Universal, num imenso galpão. O pastor, emocionado, pedia doações em nome de Jesus. Apelou em primeiro lugar para os que tinham uma nota de 50 reais. Depois foi baixando o valor e pediu a quem tinha vinte, dez, cinco, um, e finalmente a quem tivesse qualquer moeda no bolso.

A cada redução de valor, maior era o número de fiéis que se levantavam e depositavam sua contribuição num balde ao lado do pastor.

Eram pessoas pobres, vestidas com sua melhor roupa, uma roupa muito pobre. Seus rostos comprovavam a emoção com que elas se dirigiam ao balde para depositarem em dinheiro o valor da sua fé em Jesus.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

As brancas


Doka, velho boêmio de Belo Horizonte, criou o Doka’s Bar mas foi retirado da administração pela família porque havia se tornado, ele próprio, seu maior cliente. Doka tinha grande conhecimento de causa, quando se tratava de bebidas.

O primeiro conselho que me deu, jovem ainda há pouco adolescente, foi o de tomar cuidado com as brancas. Eram traiçoeiras, me avisou.

Embora ele mesmo tivesse predileção pelas brancas destiladas, principalmente cachaça, pura, imaculada e sem mistura, advertia que vodka, embora insípida e inodora, poderia causar estragos no comportamento humano, tornando-nos meio loucos e capazes de gestos absurdos, como, por exemplo, o de tentar seduzir a mulher alheia. Gin, na sua opinião, era droga feita em laboratório, a ser usada com cuidado por exercer ação deletéria sobre o fígado, tão perigosa quanto a genebra. A acquavit dos países nórdicos era ideal para se cruzar com cerveja mas, como digestivo, nenhuma delas era melhor que o marc da Borgonha.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Copacabana


A ressaca que esta semana atormentou as praias fez pouca figura em Copacabana. As águas permaneceram praticamente em seus limites, ao contrário da invasão de pistas ocorrida em Ipanema e no Leblon. De vez em quando o mar vem cobrar o que era dele, pois algumas centenas de metros lhe foram roubados em sucessivos aterros.

Copacabana, com sua população de idosos, é um bairro com alguns privilégios. Já disseram que é o mais apropriado para quem está ficando velho porque tem uma farmácia em cada esquina. E um botequim. Sua praia possui águas mais limpas. É a que menos sofre com as interdições intermitentes causadas pela poluição, pela invasão de algas ou adversas marés. Vinha gozando de certa tranquilidade, até os recentes tiroteios na Ladeira dos Tabajaras. Como disse um amigo, tem a única delegacia inteiramente aberta e que nem portas possui, aquela da Hilário de Gouveia, em frente ao Pavão Azul.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O crime


Pelo que vejo no livro de Roberto Saviano – Gomorra, que lhe valeu uma condenação à morte - sem qualquer contato entre as quadrilhas o crime organizou-se de idêntica maneira em Nápoles e no Rio de Janeiro. A estrutura montada com chefes, gerentes de boca e soldados recrutados entre as crianças dos subúrbios pobres, numa, e das favelas, noutra, parece ter sido implantada com a ajuda da mesma consultoria organizacional. Os sistemas de franquia e revenda de drogas inspiram-se no mesmo modelo.

Guerras por conquista de território como forma de ampliar o negócio ocorrem com a mesma frequência e a mesma escandalosa brutalidade. As populações dos subúrbios napolitanos e das favelas cariocas são da mesma forma reféns das empresas criminosas e os diferentes Sistemas com nomes de família têm aqui as versões denominadas Comando Vermelho, PCC e Amigos dos Amigos.

Uma única diferença marcante entre as duas horríveis realidades é a de que a Camorra napolitana já se expandiu para os negócios legais ou semi-legais, como distribuição de mercadorias, contrabando, agiotagem e confecções para a alta costura italiana. Mas é apenas uma questão de tempo para que as nossas organizações criminosas atinjam o mesmo patamar de sofisticação.

domingo, 12 de abril de 2009

Bogdanovich

Peter Bogdanovich escreveu um livro que não devia faltar na estante de quem ama o cinema. Publicado por Alfred A. Knopf em 1997, Who the devil made it (Quem diabo fez isso) traz dezesseis entrevistas com diretores americanos cujos filmes resumem a história dessa grande arte.

Bogdanovich é fanático por cinema, a ponto de ter visto, quando jovem, uma média de 400 filmes por ano. Essa paixão o transformou num profissional de múltiplas funções: roteirista, diretor, ator e crítico. Escreveu 12 livros sobre o tema.

Who the devil made it
é composto por depoimentos que colheu de Robert Aldrich, George Cukor, Allan Dwan, Howard Hawks, Alfred Hitchcock, Chuck Jones, Fritz Lang, Joseph H. Lewis, Sidney Lumet, Leo Mc Carey, Otto Preminger, Don Siegel, Josef von Sternberg, Frank Tashlin, Edgar G. Ulmer e Raoul Walsh.

Desconheço se o livro já foi traduzido para português. Se não, está à espera de alguma editora disposta a investir numa obra definitiva sobre o misto de arte e indústria que marcou o século XX e nele fez a sua história.

sábado, 11 de abril de 2009

La Alhambra

Os nobres cavaleiros Abencerrages foram massacrados dentro do palácio La Alhambra, sob suspeita de traição. Eles negaram ter feito qualquer acordo com os cristãos mas submeteram-se à morte e até hoje simbolizam a honra da nobreza moura da Espanha.

Este é apenas um dos fatos da rica história de Granada, último reino mouro a ser tomado pelos cristãos, completando a unificação do país pelos Reis Católicos.

Boabdil, o último rei mouro de Granada, caiu em prantos ao deixar a cidade e ouviu da sua mãe uma frase que também ficou para sempre: “chora como uma mulher pelo que não soubeste defender como um homem”.

Leio nos jornais que está sendo editado um CD sobre a história de La Alhambra com a tradução dos versos que decoram suas paredes. O palácio é o mais importante monumento a lembrar a presença moura na Península Ibérica. Granada é bem definida por outra frase que por lá circula: “mulher, dá-lhe uma esmola, porque não há nada mais triste do que ser cego em Granada”.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Deolindo Tavares

Deolindo Tavares nasceu no Recife em 21 de dezembro de 1918 e morreu aos 24 anos, em 6 de maio de 1942. Foi redator do Diário de Pernambuco e estudante de Direito. Sua obra poética foi publicada postumamente numa edição crítica de Fausto Cunha, em 1955, reeditada em 1988. É dele este belo poema sobre o dia de hoje.

Procissão

O Cristo de lábios roxos e face lívida
vai ser crucificado novamente
para gozo dos eróticos místicos;
o Cristo de cabelos longos e mofados
vai mais uma vez ser exposto
à degradação dos eróticos místicos.
Vinde ver as chagas sangrentas,
vinde ver o Cristo amarrado
passar sob as vistas das sensuais mulheres
entre vitrines e reclames de gás neon
para gozo dos eróticos místicos;
vinde, o espetáculo nunca deixou de ser inédito.
Vinde ouvir velhas megeras predizerem a destruição do mundo

que elas próprias destruíram,
vinde ver anjos e arcanjos, pintados e cansados
conduzirem o Cristo.
O Cristo lívido e de lábios roxos
segue no ombro de homens de sobrepeliz
para que todos vejam bem e saboreiem a tragédia.
Vinde ver como somente as prostitutas, os pederastas e os ébrios

estão mudos e não querem a destruição do mundo
porque nele esperam a redenção
carregando cruzes mais pesadas, talvez,
do que a deste pobre Cristo exangue e insone
através de todos os caminhos do mundo, até à morte.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Proibido fumar


Quando hoje vejo fumantes acuados nas portas dos edifícios onde são proibidos de entrar, quando me lembro dos trepidantes anúncios de cigarros na TV e das coloridas fotos nas páginas nobres das revistas, ainda me surpreende a rápida derrocada do hábito de fumar.

Do símbolo de status e poder que exalava, do charme social que possuia, o cigarro foi reduzido em poucos anos a um vício mesquinho e doentio.

Quase todos os fumantes que ainda insistem nesse hábito pensam em deixá-lo mas sentem-se incapazes. A cada dia novas doenças são associadas ao fumo, além do câncer pulmonar sobre o qual parece não haver mais dúvidas. É o terror substituindo o charme.

Pergunto-me sobre o que restou dos quinhentos anos de prazer que o fumo trouxe à civilização, quando foi descoberto logo após a conquista do Novo Mundo. Apenas isso, o medo das doenças, a bronquite e o câncer?

terça-feira, 7 de abril de 2009

Orthorexia


Os diagnósticos divergentes da medicina nos deixam a nós, os pacientes, atônitos e confusos. Parece que são os médicos americanos os mais volúveis em condenar ou absolver alimentos e sintomas, costumes e estilos de vida. O que antes era uma ameaça, de repente passa a ser vital, recomendável para a manutenção da saúde. E citam-se pesquisas e provas que sustentam as radicais afirmações contra ou a favor.

Testemunhamos a condenação do ovo e depois sua absolvição como um dos alimentos mais completos e capazes de ajudar na boa saúde. A carne vermelha passou de essencial para o equilíbrio das proteínas à vilania. A gordura foi durante anos uma ameaça à sobrevivência e passa agora a ser fundamental para o equilíbrio das dietas.

O colesterol, que alguns dizem ser gordura e outros um álcool, acaba de ser retirado do rol das condenações absolutas. Começa a ser visto como importante para a saúde geral.

O terror alimentício chega a tal ponto que o médico americano Steven Bratman, em seu livro Health Food Junkies (“ viciados em comida saudável ”}, diagnostica uma nova doença, que chamou orthorexia, nome tirado das palavras gregas orthós – correto – e oréxis, apetite. Diz ele que a obsessão por comer corretamente é uma enorme ameaça à saúde, pois acaba por privar o organismo de nutrientes indispensáveis, como vitaminas e minerais.

E o paciente morre de inanição.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Bancos


Uma pequisa do Instituto Nielsen que acaba de sair nos EUA revela que o público sente a falta de publicidade dos bancos e financeiras. Com a crise, essas empresas interromperam os seus programas de marketing, preferindo o silêncio, imaginando que no news, good news. Tinham medo do desprestígio que passaram a sofrer junto ao público com a recente quebradeira e estão com certa alergia à publicidade.

O Nielsen traz algumas notícias tranquilizadoras, como a de que 55 por cento das pessoas ainda têm confiança no sistema financeiro. Os analistas dizem que uma publicidade bem dirigida será importante para dizer quem vai ou não se salvar num futuro próximo.

Segundo a pesquisa, os fatores que aumentariam a confiança na saúde dos bancos, seguradoras e financeiras seriam “ver regularmente publicidade” (25%); “receber emails ou ofertas”(25%) e “ver ofertas ou publicidade da companhia na Web” (21%). A maior porcentagem, no entanto, é a de pessoas que prefeririram “ler notas positivas na imprensa”.

sábado, 4 de abril de 2009

Bacalhau com capote

Pelo estilo do texto, pode-se ver que se trata de uma receita vinda de Portugal. Pois foi de lá que me enviaram. É um belo prato para se fazer neste fim de semana. Como não possuo foto da receita pronta , escolhi esta do peixe inteiro, saído do mar.

Bacalhau com capote

Cozer o bacalhau, segundo a regra, e dividi-lo em lascas miudinhas; cozer batatas e cortá¬-las em lascas.

Pôr ao lume uma frigideira com azeite, deitar dentro do azeite um dente de alho inteiro e, em começando a aloirar, retirá-lo; pôr então no azeite duas cebolas grandes corta¬das em rodelas muito fininhas, e, em estas estando loiras juntar-lhes o bacalhau, as batatas e temperar com pimenta, salsa muito picada e sal, se precisar.
Noutra frigideira grande, deitar um bocado de manteiga; bater seis ovos como para omelete e deitá-los na manteiga, deixando-os estender por toda a frigideira.

Fazer com o bacalhau e as batatas um rolo que se põe dentro dos ovos e embrulhar de forma que estes tapem o bacalhau; em seguida tirar para uma travessa e cobrir com molho branco ou molho de tomate.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Maratona


Antes de me aparecer no joelho uma sequela com nome de vegetal, condromalacia, fui um corredor de cerca de 10 quilômetros por dia. Um treinamento diário que costumava alternar com duas voltas na Lagoa Rodrigo de Freitas, nos fins de semana. A corrida me dava prazer e a frequência do treino me permitiu correr quatro maratonas, inclusive a de Nova Iorque, com sua impecável organização e a capacidade de mobilizar toda a cidade em torno de um grande evento.

Corri em muitas cidades, pois levava na bagagem, para onde fosse, um par de tênis, calção e camiseta. Uma forma prazerosa de conhecer as ruas de Viena, Paris, São Francisco, Brasília, Areias, no interior da Paraiba, Toquio, Madri, Vitória ou Hong Kong. Correndo.

Nunca fui um corredor rápido, meu melhor tempo na maratona foi de pouco menos de quatro horas. Alberto Salazar, o cubano que venceu a corrida em Nova Iorque, em 1982, com 2 horas e 8 minutos, enquanto dava uma entrevista viu chegar o meu pelotão, a turma das quatro horas, e disse para o repórter “correr pra valer são esses caras. Como conseguem suportar quatro horas seguidas?!”

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Psicopatas


Perigosos, perversos e insensíveis, mas simpáticos, inteligentes e sedutores, eles estão entre nós. Destituidos de compaixão, culpa ou remorso, são capazes de fingirem amizade e amor e assim enganarem amigos, sócios, namorados e amantes, com o simples objetivo de ganhar alguma vantagem. Eles usam as outras pessoas para satisfazerem seu egoismo e seu instinto violento e predatório.

Os psicopatas formam quatro por cento da humanidade. Este é o contingente formado por vigaristas, pedófilos, assaltantes e enganadores de todo gênero. Podem chegar facilmente ao homicídio e são capazes de matar pais, irmãos, mulheres ou maridos, se julgarem que isto é necessário às suas intenções de riqueza ou de poder. Costumam se dar bem na política, nos negócios e em carreiras profissionais e passarem toda uma vida sem serem descobertos. São chefes autoritários, políticos corruptos, empresários inescrupulosos. Eles são o lixo da humanidade.

Ana Beatriz Barbosa Silva traça o perfil dos psicopatas em seu livro Mentes Perigosas. Alem de boa escritora, ela é psiquiatra e conhece o assunto.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Embriaguez


Desde a antiguidade o homem aprendeu a fermentar e depois a destilar frutos e plantas com o fim de alterar seu modo de ver o mundo. A bebida como fonte de embriaguez. As sociedades mais primitivas descobriram um modo de acelerar a fermentação mastigando os frutos e depois plantaram a vinha, que marcou um estágio mais avançado na civilização.

A bebida destilada significou o domínio da tecnologia que veio com a industrialização e o resultado foi a descoberta de um produto mais concentrado do que o vinho ou a cerveja e portanto mais forte, com maior quantidade de álcool, de resultado mais rápido. A descoberta de que o álcool penetra rapidamente na corrente sanguinea e é capaz de provocar a embriaguez sem muita demora.

Depois vieram as drogas e sua economia clandestina dirigindo o crime, a violência e a morte.

O homem, este animal estranho, descobriu um dia que havia uma maneira de mudar a percepção da realidade e fazê-la parecer melhor. Era uma forma de tentar fugir e ao mesmo tempo encarar o seu trágico destino.