quinta-feira, 16 de abril de 2009

As brancas


Doka, velho boêmio de Belo Horizonte, criou o Doka’s Bar mas foi retirado da administração pela família porque havia se tornado, ele próprio, seu maior cliente. Doka tinha grande conhecimento de causa, quando se tratava de bebidas.

O primeiro conselho que me deu, jovem ainda há pouco adolescente, foi o de tomar cuidado com as brancas. Eram traiçoeiras, me avisou.

Embora ele mesmo tivesse predileção pelas brancas destiladas, principalmente cachaça, pura, imaculada e sem mistura, advertia que vodka, embora insípida e inodora, poderia causar estragos no comportamento humano, tornando-nos meio loucos e capazes de gestos absurdos, como, por exemplo, o de tentar seduzir a mulher alheia. Gin, na sua opinião, era droga feita em laboratório, a ser usada com cuidado por exercer ação deletéria sobre o fígado, tão perigosa quanto a genebra. A acquavit dos países nórdicos era ideal para se cruzar com cerveja mas, como digestivo, nenhuma delas era melhor que o marc da Borgonha.

2 comentários:

Marcus Ulysses disse...

Celso,
Quer dizer, então, que existem brancas boas e brancas perversas? Vixe, ficarei atento.
Ótima dica.

Celso Japiassu disse...

Marcus:
O velho Doka representava a voz da experiência.