quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O amor no país profundo


As personagens não têm o glamour que se costuma ver no cinema. O cenário dispensa as produções esmeradas e a música é brega. Mas o tema é universal, pois trata  do amor e seus sofrimentos. Em Vou rifar meu coração, a diretora Ana Rieper comprova mais uma vez a excelente escola brasileira de documentários.

Apesar de algumas sequências um pouco longas, o filme cativa pela sinceridade dos depoimentos num pano de fundo de canções desesperadamente sentimentais. Protagonistas anônimos e figurantes famosos como Lindomar Castilho, Amado Batista, Aguinaldo Timóteo, Wando, Nelson Ned e Walter dos Afogados. Os astros da música que dá alento às dores de corno do povo do Brasil profundo.

Do interior de Sergipe e Alagoas aos subúrbios das metrópoles, uma crônica brasileira sobre a paixão, o amor e suas formas, a traição e o abandono. Com o realce da trilha sonora de um romantismo tão intenso que só a música brega é capaz de alcançar.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Talassa, Talassa


O Rio é uma cidade que nasceu do mar. Foi o caminho por onde vieram os descobridores e o leito natural de uma paisagem tão decantada e tão cultuada pelos próprios habitantes. Mas o Rio, ao longo da sua história, tem afastado de si o mar.

De Copacabana ao centro, viaja-se por autopistas construidas em aterros que escondem a praia em duvidosas construções. As ondas, que antes batiam no morro da Glória, onde se encontra a Igreja, estão hoje represadas a mais de um quilômetro de distância.

A Avenida Atlântica, várias vezes aterrada, é também o palco de arenas, quiosques, tabiques misteriosos como o da foto, escondendo a paisagem. O carioca, que diz amar sua cidade, odeia o mar.

sábado, 4 de agosto de 2012

Fim de semana


Um galo pequeno e magro é conduzido em uma coleira por uma mulher magra e pequena nos dias de grandes jogos do Fluminense, ambos com a camisa do time. Mas é ele, o galo, quem faz o caminho, anda na frente e conduz a mulher. 

Um ciclista passa rápido pela ciclovia com um gato agarrado em suas costas. O gato tem um ar tranquilo, parece à vontade, tanto quanto o homem que o carrega.

Há também um outro homem com seu papagaio nos ombros. E um compositor que passa de bicicleta e reproduz num alto-falante seus sambas de partido-alto gravados numa voz rachada que assusta o papagaio. E há os cães. Vira-latas, poodles, labradores, yorkshires, shih tzus, maltezes, acompanhando o ar de solidão dos homens e mulheres que passeiam na praia.