Nenhum movimento escapa a seu olhar.
Ela acompanha o voo dos insetos nos escaninhos da sala, segue os helicópteros que
espalham barulho nos céus de Copacabana. E disfarça a sua presença, embora se
divirta a me pregar sustos pulando inesperadamente no colo. Quando a procuro, nem
sempre é possível encontra-la, pois sua cor negra ajuda na camuflagem.
O tempo todo me vigia. Se me
dirijo à cozinha, o longo miado transmite um pedido meigo mas forte de comida. Não possui a
agressividade da outra que morreu, caçadora dos pássaros que se arriscavam na
varanda e cujos corpos me trazia como uma gentil demonstração da amizade de que
nunca duvidei.