domingo, 31 de maio de 2009

Garçons


Sempre me impressiona em João Pessoa a qualidade do serviço nos restaurantes locais. Do botequim mais simples ao sofisticado Adega do Alfredo, que faria boa figura em qualquer capital do mundo, os garçons são profissionais e a apresentação dos pratos revela a qualidade da cozinha.

Os garçons são a mais importante peça na engrenagem dos restaurantes do tipo brasileiro, cuja tradição portuguesa é a de proporcionar satisfação ao cliente e deixá-lo sentir-se na condução de todo o processo. É uma escola que se choca com a organização dos restaurantes franceses, que são comandados com rigor pelo chef, cujo estilo determina a qualidade e o rítmo do lugar.

O cliente brasileiro típico procura impor aos restaurantes que frequenta os hábitos de sua própria casa. Um garçon bem treinado saberá delicadamente conduzi-lo ao padrão de um bom restaurante.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

João Pessoa


Estranha sensação a de olhar uma cidade, fechar os olhos e tornar a abri-los, passados os anos, para vê-la modificada. Restam algumas referências de antigamente e a verificação de que a cidade mudou até sua própria geografia. Hoje, ela situa-se a beira-mar. Toda a vida social, o comercio e os serviços transferiram-se-se para a orla e o centro, abandonado, deteriora-se. É uma nova cidade construida nas antigas praias de veraneio.

Das cidades nordestinas, João Pessoa continua sendo a mais arborizada, a mais tranquila e – por que não dizer? – a mais bela. O recorte das praias tem graciosa harmonia e diversidade, os monumentos seiscentistas testemunham sua história. Seu povo é sóbrio, simpatico e competente no que se dedica a fazer. Não é a mais procurada pelos turistas, mas este é um ponto a seu favor.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Por que bebemos?


Os ingleses são um povo que costuma beber um pouco acima da média dos outros povos. A Rainha Vitoria limitou o horário de abertura dos pubs numa tentativa de moderar o uso da bebida e a pequena multidão que se forma em frente dos bares londrinos esperando a hora da abertura faz a diversão dos turistas.

Por que se bebe tanto, na Inglaterra e em todo o mundo? A angústia existente no coração dos homens seria a explicação metafísica para o desejo de alterar a percepção da realidade; ou o estresse da vida diária e as preocupações do trabalho.

As pessoas de algumas profissões bebem mais do que as outras e o instituto YouGov, inglês, descobriu numa pesquisa que os profissionais de comunicação são os que mais bebem no país, o equivalente a 44 unidades de álcool por semana. Isto representa o dobro do recomendado pelo Departamento de Saúde e bem acima do que bebe os profissionais de informática – os que estão em segundo lugar – e de quem trabalha em finanças, seguros, imóveis, educação, transportes e turismo.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Marketing político


O exercício da política é muito semelhante às ações de marketing. Ambos têm como objetivo impressionar grupos sociais, criar opinião pública favorável e vender um produto ou uma idéia. Quanto mais um político se afasta de qualquer projeto verdadeira e honestamente político e mais se aproxima da ambição da riqueza e do poder pelo poder, mais adota os mecanismos de marketing e da publicidade comercial para glamurizar suas campanhas.

Vender um candidato como se fora um produto de supermercado tornou-se a forma das campanhas políticas. Um anúncio de TV promovendo uma candidatura em nada se diferencia de um comercial no tom exagerado e muitas vezes falso de expor as pretensas qualidades do produto que anuncia. A importância da embalagem cresce e não importa o seu conteúdo porque o mais importante é fabricar uma percepção favorável.

O público aprendeu a se defender da propaganda enganosa dos produtos comerciais e se organizou para denunciá-la em associações de defesa de consumidores. Mas ainda não sabe como se proteger da má influência do marketing político, como demonstra a qualidade do que anda comprando em cada eleição.

sábado, 23 de maio de 2009

Bacalhau à moda do Porto


Sábado, dia indicado para a cozinha. Eis aqui uma fácil e antiga receita de bacalhau como fazem na cidade do Porto:

Dessalgue o bacalhau e divida em lascas; descasque batatas cruas e corte em rodelas.
Coloque num tacho uma camada de cebola em rodelas, um ramo de salsa, alho cortadinho em rodelas, um pouco de cravo, pimenta, uma camada de bacalhau e uma de rodelas de batatas; cubra com azeite fino e leve o tacho tapado a fogo brando, agitando-o até que o bacalhau esteja cozido.

Irá muito bem acompanhado de vinho verde ou de vinho português maduro. Se encontrar algum da região da Bairrada, a combinação é perfeita.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Simonal


Ninguém vive o período inteiro de uma vida sem conhecer um grande revés. Muitas vezes algo acontece que muda completamente o curso da vida e leva a pessoa para um destino que ela própria não suspeitava. Algo que rege a existência como a mão invisível que Adam Smith mencionava para a economia, embora Demócrito, o grego, tenha dito com propriedade que o caráter do homem é o que rege o seu destino.

Um revés que lhe alterou inteiramente a vida foi o que sofreu Wilson Simonal. Assistí ontem ao excelente documentário de Claudio Manoel sobre a vida do cantor, que caiu de uma viagem nas estrelas do sucesso ao abismo da execração pública, da depressão e do alcoolismo. Culpado ou não do que foi acusado, sai-se do filme com a impressão de que o castigo foi bem maior do que a culpa.

Lembro-me de Simonal dos seus tempos de gloria e de um encontro que tive com ele nos estúdios da TVE. Estava lá participando de um programa desses do meio da tarde lançando um CD dos seus antigos sucessos. Troquei com ele algumas palavras. Impressionou-me a sua tristeza, a forma de falar como se pedisse desculpas, o seu riso tímido, sombra quase apagada daquele riso aberto e limpo do tempo em que era festejado pelo público.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Despedida em Las Vegas

Um filme de baixo orçamento surpreendeu Hollwood em 1995. Rendeu um Oscar a Nicholas Cage e deu novo impulso à carreira de Elizabeth Shue, que foi também indicada ao Oscar de melhor atriz. Leaving Las Vegas ganhou outros premios da crítica especializada e em diversos festivais de cinema nos EUA e pelo mundo afora. Naquele tempo, Cage cuidava melhor de sua carreira e o diretor Mike Figgis conseguiu dele uma interpretação que só costuma ser alcançada pelos grandes atores.

Tanto ele, Cage, quanto Elizabeth Shue tiraram de seus personagens toda carga de humanidade, frustração, desespero e perplexidade existentes no mundo emocional de um alcóolatra no caminho do suicídio, disposto a beber até morrer, e de uma prostituta que busca compensar sua solidão através de um amor que ela mesma sabia ser condenado ao fracasso.

Mike Figgis é tambem o responsavel pela trilha sonora que transmite admiravelmente a atmosfera de Las Vegas, cidade artificial construida no meio do deserto, cenário perfeito para os últimos dias de um homem que tem pressa para chegar ao encontro com seu destino trágico. E para a história de uma mulher marginalizada e humilhada até os limites da degradação que descobre na solidariedade do amor um caminho que pode levá-la a se redimir. Las Vegas, cidade do divertimento e do vício, oferece o contraste adequado para uma das mais belas e tristes histórias de amor contadas pelo cinema.

domingo, 17 de maio de 2009

Bar das Quengas


No entender de Maldonado, só faltaram as quengas. No mais, para se comer – e beber – não faltava mais nada no amplo cardápio do Bar das Quengas. Entre aves, peixes e tipos diversos de carnes, destacavam-se os extremos da perdiz assada na brasa e a feijoada de se olhar com respeito, sem esquecer a costela no bafo e uma generosa picanha com farofa e fritas.

O botequim fica na esquina da Mem de Sá com Ubaldino do Amaral e sofreu recente reforma, que lhe deu um ar mais sofisticado, organizado e limpo. Hoje em dia, no horário do almoço, é frequentado pelo pessoal que trabalha nas redondezas e à noite pela juventude que redescobriu a Lapa como ponto de paquera e encontro boêmio. Com esta invasão da classe média, as moças da velha profissão que deram nome ao bar devem sentir-se um pouco sem ambiente. Nada pode fazer uma simples quenga diante da concorrência do amadorismo.

O Bar das Quengas, com sua decoração onde se destacam as cordas de roupas íntimas penduradas, tem serviço eficiente, bom cardápio de botequim e variada oferta de marcas de cachaça e cerveja. O preço é razoável. Voltarei.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Katyn

O massacre de 22 mil poloneses na floresta de Katyn, na primavera de 1940, fez parte do plano russo de destruir a Polonia e submeter o seu povo. Os mortos eram parte da elite intelectual do país, escolhidos entre os jovens oficiais das Forças Armadas, nas universidades e nas profissões liberais. Sem líderes, a Polonia seria como um corpo sem cabeça, fácil de dominar, assim pensavam os russos.

Durante anos, o governo polonês, vassalo da Russia, tentou convencer a população de que os alemães foram os responsáveis pelo crime que chocara o mundo. Mas a verdade acabou por prevalecer e o massacre foi debitado a seus verdadeiros responsáveis: Stalin e seu chefe de polícia Lavrentiy Beria. Em 1990, a própria Russia reconheceu o crime e a tentativa de acobertá-lo.

Dezoito anos depois do fim da ditadura na Polonia e 62 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, a verdade e o horror estão narrados como realmente foram no belo filme de Andrzej Wajda – Katyn, de 2007. O drama dos oficiais levados para a morte, a angústia de suas famílias e o clima de um tempo sombrio são narrados num grande filme, construido com paixão e honestidade.

Um filme como Katyn e um diretor como Wajda são a prova final de que os assassinos russos fracassaram na tentativa de extermínio da inteligência polonesa.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ruas vivas e mortas

Existem ruas vivas e ruas mortas. As de Brasília, como as da Barra da Tijuca, são ruas onde a vida não pulsa, onde se vê apenas o desfilar dos automóveis com seus passageiros isolados, prisioneiros entre vidros fechados e escurecidos de insulfim. São vias em que os sinais de trânsito, quando acendem os farois vermelhos, transformam-se em paradas ameaçadas por assaltantes que podem saltar das sombras e nos levar a bolsa e a vida.

Nas ruas mortas não existem bares, nelas as mulheres não desfilam diante de olhares perturbados pelo desejo nem se vê nas esquinas o encontro de pessoas que há tempo não se viam e de repente uma surpreende a outra.

Existem ruas onde a vida se manifesta nas lojas, nos botequins e em todas as esquinas, onde as mesas de calçada permitem observar com tranquilidade o desfilar da comédia humana. A Barata Ribeiro e a rua do Catete são exemplos de ruas que vêm de outros séculos mas cuja antiguidade não lhes tirou a animação e a vida. Ao contrário, deu-lhes um estilo e algum orgulho de serem a prova de que houve uma forma diferente de viver uma cidade.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Enchendo Lingüiça


Ao contrário dos habituais botequins do Centro e da Zona Sul do Rio, estreitos e de mesas coladas, onde os garçons se movimentam espremidos entre as cadeiras e equilibrando bandejas, o Enchendo Lingüiça (com trema, como nos velhos tempos) é claro e amplo, confortável e limpo. Vale a viagem até o Grajaú, onde a Av. Engenheiro Richard encontra-se com a Rua Barão do Bom Retiro.

Garçons competentes dão conta do recado com simpatia mas é bom lembrar que era a hora tranquila do almoço. De noite, aquela esquina dever ferver de gente, como atestam as mesas da calçada, vazias naquele momento.

Do farto cardápio, o destaque é o joelho de porco assado numa assadeira localizada na porta, idêntica àquela das padarias, com a diferença de que ao invés dos tristes frangos que atraem os cachorros famintos das redondezas, esta exibe os imponentes joelhos de porco que são o carro-chefe da casa. Ismael, que chegava do Canadá, onde mora, e que dissera que joelho de porco não era definitivamente sua preferência, mudou de idéia quando o viu e não mostrou arrependimento.

Para justificar o nome, num jirau do botequim funciona sua fábrica de linguiças, aberta, à vista de todos.

E o Grajaú ainda é um bairro agradável, livre dos espigões. Uma memória de quando o Rio era uma cidade que parecia feliz.

sábado, 9 de maio de 2009

Carreteiro do Klesck

Sábado, dia indicado para a cozinha. Esta receita, desenvolvida pelo Comandante Ronaldo Klesck, testada várias vezes com aprovação por unanimidade, é indicada para os amenos dias ensolarados deste mês de maio.
A foto do Comandante é de Carlindo Costa.

Quantidade para umas dez pessoas:

1 kg de arroz Uncle Ben's
2 kg de carne seca
1/2 kg de paio
4 Kg de tomate
1/2 Kg de cebola
100 gr. de alho
1 molho de salsa
1 molho de cebolinha
2 tabletes de caldo de carne
1/2 pacote de manteiga
1 pitada de orégano
Azeite de Oliva.


Ferva a carne seca para retirar o sal e amaciar (escorra).
Frite o paio em azeite e acrescente a carne seca para dourar.
Junte o alho e a cebola e bastante cheiro verde para refogar.
Coloque o arroz e, quando a cebola estiver quase sumindo, acrescente o tomate
batido com o caldo de carne.
Vá experimentando e acrescentando água até obter um grão "al dente" e um molho espesso.
Acrescente a manteiga antes de servir.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A frágil espécie


Ameaçada por todos os lados, a frágil raça humana se julga dona do planeta que habita e divide com outras espécies. Sua capacidade de adaptação, habilidades de macaco evoluído e cérebro desenvolvido evitaram que o homem desaparecesse, como aconteceu com outras espécies ao longo da idade da Terra.

Por mais que se julgue na posição de total superioridade diante de outros seres vivos, que tenha construído cidades, desenvolvido a tecnologia, a arte e a cultura, o homem é, no entanto, um animal sob constante ameaça e de vida muito curta.

Os pequeninos insetos lhe transmitem doenças mortais, as epidemias varrem populações, chuvas e cataclismos destroem cidades e civilizações. Deve ter sido por isso que, esta noite, sonhei com o final do primeiro canto de Os Lusíadas:

Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme, e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?

terça-feira, 5 de maio de 2009

Che

A mística revolucionária de Ernesto Guevara inspirou o inconformismo rebelde dos jóvens dos anos 60 e 70 antes de virar um ícone de consumo do mercado capitalista aplicado em roupas, posters e objetos vários. O capitalismo é assim: transforma em mercadoria até os movimentos que contestam radicalmente os seus princípios.

A vida de Che Guevara e a sua saga guerrilheira bem que mereciam um filme, e assim pensou Steven Sorderbergh, que identificou a oportunidade de fazer logo dois filmes e assim o fez: a primeira parte de Che intitula-se O Argentino e a segunda, que ainda vai estrear, chama-se Guerrilha.

Trata-se de um filme de ação, bem no estilo comercial de Hollywood. As bem produzidas cenas de batalha substituem qualquer reflexão mais séria sobre o cenário político que inspirou e justificou a ação revolucionária liderada por Fidel Castro.

Benicio Del Toro é um bom ator e, apesar de alguns trejeitos efeminados, chega a convencer como Che, interpretado na história de Sorderbergh como um super-heroi asmático e acima do bem e do mal.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Internet e liberdade

A internet orgulha-se de se manter como um território livre da ação repressora dos estados. Mesmo em países onde a opinião e a rede são controladas, como é o caso da China e de alguns outros países árabes e asiáticos, o domínio total sobre as opiniões emitidas on-line mostra-se praticamente inviável.

Os usuários reagem a qualquer intromissão mas dificilmente os governos continuarão com alguma neutralidade diante do mundo virtual que a internet representa, com as mesmas qualidades e os mesmos vícios do mundo real. Controlar parece impossível, mas a vigilância já existe, mesmo nos países onde a democracia faz parte da tradição e da cultura dos povos, como é o caso, agora, do Reino Unido.

A internet é a construção coletiva de uma nova cultura humanista e por isso desperta sensações de medo. Por ser algo de novo. Tudo que é novo traz consigo ameaças desconhecidas.

domingo, 3 de maio de 2009

Futebol


Com o jogo que decide o campeonato estadual, hoje à tarde, entre o Flamengo e o Botafogo, preparo-me para ouvir o alarido de Copacabana, caso o Flamengo faça gol. É impressionante o barulho que faz o povo deste bairro diante dos gols marcados pelo Flamengo. Dá a impressão de que é o grito de toda a sua população, pois o estertor aproxima-se em ondas originadas no Posto Seis e vai até Leme. Um frêmito, uma algazarra de ruídos vocais sincronizados.

De onde vem, de que recônditos da alma humana vem essa paixão que o futebol desperta em nosso povo? Ser torcedor de um time equivale a doar a vontade à mística das cores de um símbolo que identifica um grupo de atletas de cujos pés depende a euforia de um momento que libera a força de emoções reprimidas.

Os gritos em plena rua, a alegria dos torcedores vitoriosos têm seu contraponto na tristeza profunda dos que viram seu time perder um jogo decisivo. Acho que é isso: o futebol permite a liberação das emoções primitivas que habitam o coração dos homens: alegria e ódio, amor e frustração.

sábado, 2 de maio de 2009

Cavalaria

A cavalaria dos exércitos modernos anda sobre tanques e carros de combate. Perdeu sua aura romântica do tempo em que cavalo e cavaleiro confundiam-se num só corpo e avançavam de lança em riste na defesa da pátria ou de donzelas ameaçadas pela vilania.

Desde que completei o serviço militar, prestado no CPOR de Belo Horizonte, de onde saí oficial da reserva da arma de Cavalaria – a verdadeira, montada a cavalo -, que tenho um sonho recorrente no qual ainda estou no Exército, trotando no picadeiro do quartel em adestramento de terra-cavalo. Trata-se de um exercício em que o cavaleiro passa a perna da direita por sobre a sela, agarra-se no cabeçote, bate com os dois pés no chão e, no impulso, volta a montar. As quedas e tropeços que nos esparramavam no chão faziam o delírio da platéia improvisada dos outros cursos – os tranquilos infantes, os orgulhosos artilheiros e os bem nutridos intendentes.

Estou montado, em outra parte deste sonho que se repete. Esqueci o número do meu cavalo. Eles não tinham nomes, eram identificados por números. Corro a galope num terreno de montanha, cheio de pedras e obstáculos. Há um sonho dentro do sonho em que me encontro numa planície cortada por um regato, ainda montado naquele cavalo sem nome que me conduz na direção de um arco-iris. Acordo.