quarta-feira, 18 de julho de 2012

Mondovino



Rudy Kurniawan (foto), um esperto indonésio de 36 anos, viveu em Nova Iorque durante 10 anos de vender vinhos raros em leilões. Era também conhecido como Dr. Conti, por causa do seu vinhedo favorito, o Romanée-Conti. Respeitado como um profundo conhecedor, só no ano de 2006 ele vendeu US$36 milhões em vinhos franceses. Todos falsos.

Na outra foto, um Petrus de 1961, legendário Bordeaux cujo preço chega a 104 mil euros por caixa. O da esquerda é falso. A técnica de Rudy era usar bons vinhos em garrafas falsas de marcas famosas em safras especiais. Transformava vinhos caros em caríssimos.

Rudy foi preso pelo FBI mas parece nos dizer como os ricos podem ser enganados. No desejo de exibir sua fortuna e diferenciarem-se das pessoas comuns, tornam-se presas fáceis de quem sabe dimensionar até onde vai a estupidez humana. 

domingo, 15 de julho de 2012

No calçadão


A mulher miúda tem o passo apressado, balança os braços e o corpo como se fosse uma boneca de molas. Usa um boné bem maior do que a circunferência da cabeça e óculos estreitos que lhe dão uma aparência de morcego. A outra que vem em seguida, muito branca, alta e magra, tem uma bolsa a tiracolo, passadas largas e o olhar determinado.

Quando se caminha diariamente no calçadão, num mesmo horário, acabamos por cruzar sempre com as mesmas pessoas. Somos capazes de adivinhar quem vamos encontrar em seguida. O gordinho de peito nu quer faça frio ou calor antecede a mulher de rosto contraido que corre com enorme esforço. Ela luta contra o excesso de peso, que lhe avolumou os quadris e lhe deformou a barriga.

Caminhantes e corredores solitários, alguns estão ali porque o esforço físico proporciona uma certa euforia; outros, com carregada expressão no rosto, fazem sacrifício supremo para compensar os anos de prazer que acabaram por deixar pesadas lembranças.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Veranico



A lua cheia no ceu sem núvens substitúi nas horas da noite o sol que de dia tem dado ares diferentes ao inverno de Copacabana. As manhãs são de praias cheias. Ao contrário de outros anos, o bairro não hiberna à espera do próximo verão.

O calçadão se movimenta com seus quiosques ocupados pelos turistas que devem ter vindo conferir a paisagem decantada. As mulheres desfilam bronzeadas pelo calor inesperado. A maioria está acima do peso, confirmando o que dizem pesquisas sobre a obesidade do nosso povo.

Os velhos do bairro também saem para a rua e se dirigem como sempre às filas dos bancos e supermercados. Parecem mais ativos, este ano, porque o inverno tarda e o mês de junho nos brindou com esses dias de primavera.