sexta-feira, 29 de maio de 2009

João Pessoa


Estranha sensação a de olhar uma cidade, fechar os olhos e tornar a abri-los, passados os anos, para vê-la modificada. Restam algumas referências de antigamente e a verificação de que a cidade mudou até sua própria geografia. Hoje, ela situa-se a beira-mar. Toda a vida social, o comercio e os serviços transferiram-se-se para a orla e o centro, abandonado, deteriora-se. É uma nova cidade construida nas antigas praias de veraneio.

Das cidades nordestinas, João Pessoa continua sendo a mais arborizada, a mais tranquila e – por que não dizer? – a mais bela. O recorte das praias tem graciosa harmonia e diversidade, os monumentos seiscentistas testemunham sua história. Seu povo é sóbrio, simpatico e competente no que se dedica a fazer. Não é a mais procurada pelos turistas, mas este é um ponto a seu favor.

5 comentários:

Unknown disse...

Pois é, consideradíssimo irmão, eu bem que gostaria de estar aí no cenário de nossa infância e primeira juventude! Não deu, infelizmente. Quando você escreve sobre a orla na qual se ergue uma nova João Pessoa, a memória me transporta àquele ponto final dos ônibus e bondes que desciam a Epitácio Pessoa no rumo de Tambaú. Havia uma “oliveira” frondosa, que não produzia azeitonas mas umas frutinhas roxas, doces, que deixavam a língua violácea de quando pincelávamos as amígdalas com azul de metileno.

Ambulantes vendiam pitomba, roletes de cana enfiados em palitos de bambu, tapioca recheada de coco ralado, pirulitos, cocadas, quebra-queixo, que era uma cocada de consistência elástica, cavaco-chinês, amendoim, que não era torrado, era cozido. O vendedor tinha um nome esquisito, do qual não me recordo, mas não era Midubim, este evocado por nosso mestre Manuel Bandeira. Do outro lado da avenida ainda sem calçamentlo havia um bar-padaria, onde a meninada comia pão de 400 réis com um tostão de manteiga.

À beira-mar desfilavam Isaura Carioca e Julita, filha de seu Aranha, duas “inspirações” permanentes. Como foram maravilhosos os anos 50 em João Pessoa, né não?

Celso Japiassu disse...

Sem dúvidas, irmão. Ontem à noite, na companhia do amigo Hugo e ajudados pela cachaça dos velhos engenhos da Paraiba, veio a nossa memória muita coisa dos anos 50.

O local onde existia a oliveira frondosa penso que é onde hoje se encontra o Hotel Tambaú, um monstro de cimento armado que avança mar adentro.

Hugo Caldas disse...

Considerados Moacir Realmente os bons fluidos do Hotel Tambaú nos fizeram reviver coisas que alguns davam por mortas e sepultadas. Moacir, meu caro Cabelo de Fogo, o seu comentário está mais para "recuerdo", gostei! Pena que apenas eu e Almir tivessemos que a tarefa de dar uma rebaixa na mesa paraibana.
Abração. Hugo

Unknown disse...

A oliveira não ficava onde hoje funciona o hotel, ó consideradíssimos e desmemoriados irmão e Hugo! A frondosa erguia-se defronte ao ponto final dos ônibus e bondes, ainda na Av. Epitácio Pessoa. Quando a gente descia da "sopa", como eram chamados os ônibus, pisava no chão coberto de manchas roxas...

Hugo Caldas disse...

Bem que eu achei que o Almir estava meio sobre o divagando. Talvez efeitos de um tal de "The Famous Grouse" que se aboletou à nossa mesa. Concordo que a frondosa árvore era exatamente em frente à parada final do bonde, que por sua vez era um acontecimento quando da última viagem às 11 da noite. Por essa época eu morava em Tambaú. Agora, será que era mesmo um "oliveira"?
Abraço. Hugo