Quando descobriu que existia algo misterioso na mente humana
– e o chamou de inconsciente – Freud estava na verdade descobrindo a alma. Não
a alma imortal das religiões, que sobrevive ao corpo e se torna infinita, mas a
vida paralela, invisível e atemporal, que muitas vezes toma para si o leme do nosso
destino.
Este ser inconsútil, tão abstrato quanto o pensamento e de tão
absoluta presença nos sentimentos da vida. A certeza da sua existência não foi
bastante para o revelar pois permanece desconhecido, misterioso, detentor do
medo sem razão de ser, dos mistérios da paixão e dos impulsos irracionais. Sua
aparição súbita muitas vezes traz consigo as alucinações da loucura.
É ele que nos conduz como um guia às vezes cego, muitas
vezes iluminado. Nas emoções que nos perturbam e cuja causa não compreendemos está
presente a sua revelação. Costumamos sofrer por motivos que em nós se aninharam na
infância mais remota, cuja memória não mais possuímos. Mas para o inconsciente
não existe tempo e sua lembrança não se apaga nunca.
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