quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Um adeus

Escolheram um bar movimentado da Rua Barata Ribeiro para não tornar a conversa muito íntima, talvez. Ele falava, ela escutava e às vezes rebatia algo que ele dissera; um detalhe da sua fala, algum argumento, um sentimento obscuro.

O fim da tarde, nas ruas internas de Copacabana, é marcado pelo barulho dos motores no engarrafamento da hora do rush. Para se fazer ouvir, de vez em quando um dos dois falava um pouco mais alto, olhando diretamente para o rosto do outro. Depois ela abaixava a cabeça e ele olhava para os lados parecendo não saber o que procurava. Ficavam assim por um momento e depois retomavam a discussão calma porem nervosa.

Ela picava em pequenos pedaços o guardanapo de papel, ele mantinha as mãos nos bolsos. Havia tirado o paletó e a gravata e arregaçado as mangas da camisa na tentativa de enfrentar o calor. Ela vestia uma saia simples, justa, com um paletó feminino, segundo a moda das mulheres que trabalham em cargos executivos. Os dois copos de chope estavam quentes e sem espuma.

Depois ele pegou o paletó e se levantou. Deixou algum dinheiro na mesa, ao lado da conta que acabara de pedir ao garçon. Seguiu a Rua Paula Freitas na direção da praia e ela ficou alguns momentos olhando os automóveis parados no engarrafamento. Então se levantou, atravessou a rua e embarcou num ônibus que ia na direção do Jardim de Alah. O calor batia os 40 graus.

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