Será moralmente licito avançar sobre o bolso dos pobres? Essa questão surgiu esta semana com o anúncio do lançamento de uma subsidiária da McCann Erickson (Interpublic Group), chamada Barrio, que pretende especializar-se em propaganda e marketing para as classes C e D da America Latina.
A agência terá escritórios em São Paulo, Santiago do Chile, Cidade do México, Bogotá e Costa Rica. Depois vai se expandir para Buenos Aires, Quito e Panamá.
Matthew Creamer, do jornal especializado Advertising Age, foi quem iniciou a polêmica na segunda-feira passada, num artigo em que aborda o que chamou de dilema ético. Recebeu algumas criticas de publicitários americanos, para quem vender desodorantes, por exemplo, aos quase miseráveis, vai aumentar sua auto-estima.
Embora a defesa seja discutível, o certo é que o grupo Interpublic resolveu vender aos anunciantes uma agência especializada no mercado formado pelos pobres da America Latina. No Brasil, este mercado é formado por 80 milhões de pessoas com renda inferior a 10 salários mínimos, que pertencem, no linguajar do marketing, às classes C, D e E - o chamado mercado de baixa renda.
Responsável por um consumo da ordem de R$180 bilhões por ano em produtos populares, os pobres brasileiros representam um mercado maior do que o dos ricos das classes A e B1, estimado em R$118 bilhões.
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