Sándor Márai é um escritor húngaro que suicidou-se em 1989, nos Estados Unidos. Foi banido de seu país pela ditadura instalada depois da Segunda Guerra, esquecido, e só recentemente voltou a ser reconhecido como grande artista que é. Seus livros voltaram a fazer o sucesso que lhes é devido.
Márai não faz concessões às fórmulas que garantem os best-sellers, mas seus romances trazem uma carga dramática poucas vezes alcançada na literatura. Os conflitos humanos ocorrem sob o véu de relações sociais aparentemente gentís e contidos pela boa educação burguesa, mas são conflitos profundos, inevitáveis, muitas vezes insondáveis.
Léa Maria me apresentou a este escritor e dele acabo de ler De Verdade, Divorcio em Buda, As Brasas e Veredicto em Canudos. Estou lendo sua auto-biografia, Confissões de um Burguês. São todos livros de altíssima qualidade literária, publicados no Brasil pela Companhia das Letras.
De Verdade é uma obra-prima e Veredicto em Canudos foi escrito depois de Márai ter lido a tradução para o inglês de outra obra-prima, Canudos, de Euclides da Cunha. A história se passa no interior da Baia, após a queda do último baluarte dos resistentes de Canudos. Márai nunca esteve no Brasil, mas consegue recriar com precisão o que teria sido o cenário e os acontecimentos narrados no seu livro.
Não vejo a hora de começar a ler O legado de Eszter e Rebeldes, que já ví escondidos num canto da livraria.
Um comentário:
Fui apresentada à obra de Sándor Márai pela leitura de VEREDICTO EM CANUDOS, a curiosidade espetou-me assim que vi um húngaro, que nunca veio ao brasil, mencionar que escreveu por um impulso irrefreável de dizer algo não dito sobre a catástrofe de Canudos; num passe impensado vi-me com AS BRASAS em mãos, leitura ansiosa e apaixonada foi a minha, reconhece-se de pronto uma genialidade liberando e libertando(talvez[?]) seu talento, AS BRASAS é comoção, impasse, delírio, espera, tremor e catarse - veramente belo!; quando um autor se torna significativo às nossas necessidades literárias dificilmente distanciamo-nos antes de sovermos mais sabores na imaginação; logo transitei pelo DIVÓRCIO EM BUDA, cuja escrita manteve comigo um contato mediano, não daqueles a causar alvoroço em todos os sentidos; mas, em ascensão desmedida, meu amor deu-me a relíquia de 400 páginas(um pouquinho mais), quatro narradores, escrita primorosa e inovadora, que constitui a obra DE VERDADE.
O nome de Sándor Márai tem me perturbado, como aqueles talentos com os quais nos deparamos e não conseguimos seguir antes de dar o real valor que ele tem e merece, e regozijarmo-nos com tal enlace, igualmente.
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