Conheci, no princípio dos anos 70, o professor de uma universidade americana que sabia tudo sobre literatura brasileira. Falava com intimidade, em fluente português, de todos os escritores, todos os poetas, todos os ensaistas brasileiros, vivos e mortos. Dava aulas sobre este assunto e sua turma contava naquele ano com 30 alunos, todos americanos. Perguntei-lhe a razão daquele interesse sobre a literatura do Brasil e ele me deu a explicação: depois da revolução cubana, o governo dos EUA ficou surpreso com a ignorância que tinha de Cuba e, por extensão, de toda a America Latina. A falta de conhecimento sobre a cultura dos paises abaixo do Rio Grande, me disse o professor, levou o governo a cometer erros políticos que afastavam de Washington os paises do sul e poderiam, perigosamente, levá-los para a esfera soviética. Eram os tempos da Guerra Fria.
Foi então que o governo resolveu financiar estudos mais profundos e formar especialistas para entender a alma de outros países e não correr o risco de perdê-los, como haviam perdido Cuba. Surgiram, nas universidades, os estudos, os cursos e a especialização em países diversos. E apareceram os brasilianistas como ele, o professor.
Tudo leva a crer, no entanto, que os americanos concentraram apenas em nós, os latinos do continente, o seu interesse intelectual. Porque vieram a mostrar que não entenderam o Vietnam. E ontem, com a sapatada no Bush e a confissão de que o projeto de reconstrução do Iraque havia fracassado, que também não entenderam o Iraque.
No Afeganistão, a nomeação e o apoio a um governo corrupto e desacreditado pelo povo provoca uma ressurreição dos talibãs.
Apesar do dinheiro que gastaram e gastam, parece que os americanos demoram a entender.
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