sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A neve e o potiron

Uma chuva muito fria e muito fina, hoje pela manhã, transformou-se em flocos de neve que aos poucos tornou as calçadas escorregadias e enfeitou as ruas de Cahors. Todos dizem que é muito raro nevar no mes de dezembro. Mas é muito raro, tambem, fazer frio no Rio de Janeiro, neste mesmo mes, o que de fato aconteceu, pelo menos nos primeiros quinze dias de dezembro. No dia de hoje, não sei qual a temperatura que faz no Rio, mas o normal seria muito calor. Se estiver chovendo e fazendo frio, é porque a teoria do aquecimento global e da confusão dos climas começa a se confirmar.

A memoria indelével que todos carregamos esta' ligada aos sabores. Nunca nos esquecemos do cheiro do que comemos e vivemos. Hoje, através do cheiro de uma pequena sopa de jerimun, que voces do Sul costumam chamar de abobora, tornei a vivenciar profunda recordação da infancia. O "velouté de potiron", no restaurante Le Marché, despertou essas lembranças. A pequena cidade de Cahors tem algo de João Pessoa dos anos 50. Porisso, talvez, traga esta névoa de nostalgia, junto com a neve que a cidade em que nasci jamais vira' a ver, a não ser que a confusão dos climas venha mesmo a surpreender

8 comentários:

Hugo Caldas disse...

Hoje, através do cheiro de uma pequena sopa de jerimun.... oh, rapaz, agora fui eu quem deu com os costados na Rua Duque de Caxias em João Pessoa, casa das minhas Tias-avós onde se fazia um sopa de jerimun com feijão que era de revirar os olhinhos. Ainda hoje o sabor e o cheiro me levam àqueles dias em que eu era feliz. Meu abraço. Hugo

Celso Japiassu disse...

Pois é, amigo Hugo. Os odores nos trazem sempre nosso passado. E os nomes também. A Rua Duque de Caxias, lembrada por voce, me trouxe à memoria o cheiro de umas iscas de figado que acompanhavam uma cachaça na esquina do Ponto de Cem Réis. Como era mesmo o nome daquele botequim?

Hugo Caldas disse...

Faltou dizer em qual esquina. Se for a "Esquina do Pecado" era o Bar Havaí na sobreloja do Paraíba Hotel. Se for em outra esquina qualquer desconheço pois sempre fui um rapaz correto, de boa família, em que pesem as "más companhias". Agora, o cheiro das iscas de fígado é bom demais, seu menino. Meu abraço.
Hugo

Celso Japiassu disse...

Era a esquina da Duque de Caxias com o Ponto de Cem Réis. Ou sera' que esta esquina so' existiu nos meus sonhos de gourmand?
Gostei da lembrança das mas companhias com as quais voce andava e das quais foi salvo por bons conselhos.

Hugo Caldas disse...

Essa esquina no Ponto de Cem Réis vindo da Duque de Caxias, de um lado era o predio do IPASE e do outro o térreo da Parahiba Hotel onde havia uma loja de discos. Vindo do Cinema Rex, de um lado era a Farmácia Cahino e do outro era talvez um bar dos motoristas de praça. Talvez seja este o lugar dos sonhos de gourmsnd.
Abrs. Hugo

Celso Japiassu disse...

Era este, Hugo, o bar dos motoristas de praça, onde as iscas de figado enfeitavam a bela cachaça nordestina. Sua memoria é extraordinaria. So' falta dizer o nome do bar.

Hugo Caldas disse...

Checarei! Me espere.
Hugo

Hugo Caldas disse...

Tinha, pela parte da Rua Duque de Caxias (Rua Direita) a Casa dos Frios logo após a Igreja da Misericórdia. O Café Alvear no outro lado da rua. Já na esquina me parece que o bar em questão era o "Bar de Leodécio". Posso estar errado. Hugo