sábado, 2 de janeiro de 2010

Auberge des Gabares


Um restaurante cheio de surpresas. A começar pelo patrão, que se chama Alain Floquet e se parece com Jean Paul Sartre. Tem o mesmo tipo de estrabismo, é um pouco mais moço do que Sartre nos anos 70 e um pouco mais alto. Bem humorado e divertido, provoca os clientes enquanto, sozinho, atende e serve a cerca de 30 mesas numa casa lotada. Além dele, a equipe se compõe da sua mulher – Jaja - e mais uma cozinheira gorda que se ocupa das panelas e do fogão.

O cardápio é único, no Auberge des Gabares, na Praça Champolion, às margens do Rio Lot. Antes de entrar, o cliente já deixou claro que aceita o que lhe será servido.

Hoje, o cardápio era composto de sopa, uma entrada de rillette e salame seco da região, o prato principal que poderia ser caça ou pot-au-feu, um plateau com diversos queijos, sobremesa a escolher entre quatro tipos e café. Vinho à vontade, com outra surpresa ao final: 15 euros por pessoa, preço fixo.

Esta é a razão de o Auberge des Gabares estar sempre com todas as suas mesas ocupadas e quem chegar depois das 13 horas não encontra lugar. É frequentado tanto pelos trabalhadores das obras da vizinhança quanto pelos notáveis de Cahors. A família que administra a casa veio do Aveyron, uma região próxima mas com diferente gastronomia. É uma comida típica da França profunda, como gostam de assinalar os franceses.

Alain me pergunta se, no Rio de Janeiro, haveria espaço para um restaurante como o dele. Respondo que não sei. E penso que não sei porque há muito tempo não saberia traduzir honestidade na linguagem dos restaurantes.

Certamente voltarei ao Auberge des Gabares.

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