terça-feira, 6 de outubro de 2009

Sexo no mercado

A porno shop fica entre a igreja e o supermercado, na esquina de Nossa Senhora de Copacabana com Hilário de Gouveia. Sua localização entre estes dois ícones deve simbolizar alguma coisa, algo como a afirmação do sexo, situado entre o alimento da alma e a nutrição do corpo, entre o sublime da mensagem divina e a necessidade de comer para a sobrevivência na terra.

Os clientes disfarçam para entrar nesta catedral da luxúria que é também supermercado da lascívia. Fingem que estão andando pela avenida e de repente pulam para dentro da loja. Os homens são os que mais se escondem, ao contrário das garotas curiosas que entram, aos risos, na procura de sensações proibidas.

O sexo transformou-se numa mercadoria responsável pelo faturamento de bilhões de dólares em todo o mundo, segmentado entre o fetichismo, o voyerismo e a velha, tradicional prostituição. Canais de tv, revistas, lojas, cinema, night-clubs e o show-business são os distribuidores desse produto tão desejado, alvo de histórica repressão e que, quanto mais reprimido, mais valorizado se torna.

2 comentários:

heliojesuino disse...

Celso, visitnte contumaz que sou de seu blog duvido que tenha sido mero acaso o contraponto das duas últimas postagens.
"Amor na tarde" e "sexo no mercado"
escancaram a humana diversidade do bairro que teu voyerismo registra tão bem.

Caótica harmonia!

O primeiro post (pobres moços) me lembrou o título de um livro do hemingway, Death in the afternoon... mas nada a ver ... é história de touros , toureiros, verônicas e banderilhas ...

mas Não quero secar o barato de ninguém. Que o momento mágico dos dois estenda-se tanto quanto possível, são os meus mais sinceros votos.
e muito boa noite que já falei demais.

Celso Japiassu disse...

Brilhante, Helio.
Vale a pena escrever para um leitor como você.