sábado, 24 de outubro de 2009

Cena em Copacabana


Antes do meio-dia ele senta-se à mesa do botequim que fica em frente ao colégio. Pede um café, abre uma revista e faz palavras cruzadas. Parece ser eximio nessa arte porque resolve os problemas e escreve cada letra com grande rapidez, mas nao parece concentrado no que faz, pois levanta a cabeça a todo instante e olha em direcao à porta do colegio.

Tem de aparência pouco mais de cinquenta anos, é magro, calado e triste. Seu olhar não divaga, permanece atento à porta do colégio de onde, ao meio-dia, sái o bando de adolescentes dispensados das aulas. Meninos e meninas vestindo uniforme na eterna algazarra de risos e mútuas provocações. Ele se levanta da mesa e se dirige à porta do colégio, onde encontra e abraça uma das garotas que acabam de sair pelo portão.

Os dois caminham abraçados, rindo um para o outro, ambos possuem traços fisionômicos bem parecidos. Dirigem-se vagarosamente ao ponto de ônibus onde ela pega um em direção à Barra. Ele ainda permanece na calçada, acena para ela que retribúi com o braço de fora da janela do ônibus. Então ele volta ao bar, senta-se à mesa, pede um chope e fica por lá fazendo palavras cruzadas pelo resto da tarde.

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