quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A cerimônia do adeus - 3

Para  os outros, ela é apenas um gato, sem identidade ou nome, igual aos que andam pelos telhados e pelas ruas e são perseguidos, torturados, apedrejados e mortos. Alguns para se prestarem a couro de tamborim dos blocos de carnaval. Um vira-lata anônimo.

Para mim é Belinha, diminutivo de bela, a que possui a beleza, a graça e a elegância dos felinos. Nossa convivência prova que pode haver verdadeira amizade entre seres de espécies tão diferentes. Há uma linguagem de entendimento e cumplicidade, olhares que expressam sentimentos, sons que significam irritação, tranquilidade, amor ou fome.


E também a tristeza transmitida pelo olhar desses dias, ela inapetente, tomada de fraqueza, silenciosa, às vezes irritada pelos remédios que tem de tomar contra a vontade. E a presença de um sentimento que nos diz, a ela e a mim, de que estamos vivendo os últimos dias da vida que tivemos em comum e que celebrou nossa amizade.

Um comentário:

Carlindo Lago disse...

Celso, fique com meu abraço de solidariedade.