terça-feira, 10 de setembro de 2013

Seu Américo

Seu Americo era alto, elegante, sóbrio, passava por nós, quando chegava do trabalho, e nos cumprimentava. É a melhor lembrança que ele me desperta, a de um adulto que nos dizia boa noite. A nós, meninos tímidos e inseguros, sentados na calçada da porta da sua casa.


Agora, ele chegaria aos cem anos se não fosse a morte prematura e a minha lembrança remonta aos anos 50. Ele era jovem, naquele tempo. Hoje, tanto Hugo, seu filho, quanto eu, somos mais velhos do que ele. Mas ainda me conforta a lembrança de que ele nos dirigia uma palavra de consideração quando passava por nós, que não nos julgávamos merecedores de nada. Com um gesto simples de cortesia, talvez ele soubesse que nos ajudava no processo tumultuado de aprendermos a nos situar no mundo.

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