quarta-feira, 17 de junho de 2009

Três macacos


Assisti a alguns bons filmes, nas duas últimas semanas. Destaque para O Lutador (The Wrestler), de Darren Aronofski, com Mickey Rourke, e A Banda (The Band’s Visit), do diretor israelense Eran Korilin. São obras diferentes entre si. Enquanto a primeira exprime o drama individual de um homem que se perde no mundo e só consegue compensar suas perdas pela efêmera glória que vai matá-lo, a história da banda egípcia sem rumo é uma suave e delicada crônica sobre a ternura dos encontros.

No entanto, a maior impressão foi a provocada por Três Macacos (Üç maymun), do turco Nuri Bilgen Ceylan. Saí da sessão me dizendo que o filme era maçante mas as suas imagens não me saiam do pensamento. Aos poucos, fui me convencendo de que, ao contrário, tratava-se de um filme belíssimo, contado com precisão, sensibilidade e talento muito raros no cinema atual.

Acontecera que meus olhos, saturados do estilo americano, haviam de início estranhado aquele rítmo tão diferente, lento e tão intenso de contar uma história.

Às vezes ficamos como os três macacos – cegos, surdos e mudos – quando uma obra de arte nos surpreende.

2 comentários:

Rodrigo Miranda disse...

Nunca entendi direito porque enxerguei horas ou dias depois a qualidade de certos filmes percebendo tardiamente o prazer que me proporcionaram. Reprimi um pouco, agora, uma sensação de que estava só inclinado a gostar do não-convencional.

Celso Japiassu disse...

É isso, Rodrigo. Nossa percepção às vezes demora um pouco a reconhecer aquilo que é diferente do comum das coisas.