quinta-feira, 21 de maio de 2009
Simonal
Ninguém vive o período inteiro de uma vida sem conhecer um grande revés. Muitas vezes algo acontece que muda completamente o curso da vida e leva a pessoa para um destino que ela própria não suspeitava. Algo que rege a existência como a mão invisível que Adam Smith mencionava para a economia, embora Demócrito, o grego, tenha dito com propriedade que o caráter do homem é o que rege o seu destino.
Um revés que lhe alterou inteiramente a vida foi o que sofreu Wilson Simonal. Assistí ontem ao excelente documentário de Claudio Manoel sobre a vida do cantor, que caiu de uma viagem nas estrelas do sucesso ao abismo da execração pública, da depressão e do alcoolismo. Culpado ou não do que foi acusado, sai-se do filme com a impressão de que o castigo foi bem maior do que a culpa.
Lembro-me de Simonal dos seus tempos de gloria e de um encontro que tive com ele nos estúdios da TVE. Estava lá participando de um programa desses do meio da tarde lançando um CD dos seus antigos sucessos. Troquei com ele algumas palavras. Impressionou-me a sua tristeza, a forma de falar como se pedisse desculpas, o seu riso tímido, sombra quase apagada daquele riso aberto e limpo do tempo em que era festejado pelo público.
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3 comentários:
Realmente, manovéio, nunca vi uma estrela deixar de brilhar tão rapidamente quanto Simonal. Foi sem dúvida um dos maiores cantores do Brasil. Vou conferir o filme, mas lembro que ter chamado agentes do DOPS pra dar uma surra no contador foi o começo do fim de sua carreira. Uma pena, pois ali terminava precocemente o reinado de Simonal, "o rei da pilantragem", como dizia Carlos Imperial.
Olha, publiquei seu post sobre os gordos lá no Jornal. Dê uma olhada e veja os comentários também.
Aquele abraço!
Swing.
Presença.
Gostava dele.
Se é culpado ou inocente não importa muito não - o tempo mostrou que os inocentes daquela época transformaram-se alguns, em déspotas na filosofia em que se perderam mas mesmo perdido, continuam déspotas.
Não estou julgando esses inocentes pelo talento , mas pelo que exageraram no exercício do talento.
Pós toda repressão, ficou a "intelectualidade" brasileira, a mesma que execrou Simonal, num tédio danado, donde se conclui que...ninguém se mantém inocente ou culpado para sempre.
Pena que o filho dele, não tem o mesmo carisma ou "swing".
Resgatar o talento do Simonal como cantor não é o propósito dos autores do filme. Resgatar seu caráter, sim, mas como apagar a sua covardia? O grande intérprete era um grande canalha, e dá pena constatar que quase ninguém se dá conta do que significa a integridade. Ou que quase todos só se valem dela para absolver a vilania.
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