Com o passar dos anos, vem uma certa consciência de como é
falho o julgamento que fazemos de nós mesmos e dos outros. Olhando no tempo,
tantas apostas foram feitas e tantos erros cometidos. Há pessoas em quem confiávamos
que se transformaram em decepções dolorosas.
E quanta gente de quem nada esperávamos que nos
surpreenderam em comportamentos nobres, revelados em compaixão e solidariedade.
Cada ser humano é uma incógnita, um enigma que muitas vezes não se revela nem
diante de si próprio. Nunca sabemos de que forma vamos reagir diante de uma
situação limite, pois não nos conhecemos em nossa mais profunda intimidade.
Há os que traíram a si mesmos, adotando comportamentos que
jamais aprovariam no passado. E os que abandonaram suas crenças, condenando na
maturidade o que defenderam na juventude. Quando Fernando Pessoa disse “se me
ainda amas, por amor não ames, traíras-me comigo”, definiu também as contradições
que nos acompanham.
Um comentário:
Vivi esse sentimentos quando voltei ao Brasil, há 4 anos. Com menos que 5 honrosas exceções, tive muito mais apoio e ajuda de pessoas recém conhecidas através do choro e do samba, do que de velhos amigos de cinema. Muitos me decepcionaram e vários me surpreenderam.
Vivo agora esses mesmos sentimentos em outro nível, o do político. Vários me decepcionam e poucos me surpreendem.
Postar um comentário