A crueldade existente na alma das crianças reflete a
essência do caráter do homem. As crianças torturam os animais, agridem umas às
outras e desconhecem a solidariedade. Os contos infantis que elas amam são
histórias de terror onde o bem é permanentemente ameaçado pelo mal absoluto
representado por madrastas, fantasmas e duendes. Os ‘games’ de computador e os filmes
prediletos são exercícios de assassinato.
Nascemos, como todas as feras, sem consciência moral e sem o
sentimento do outro. Somos salvos – quando o somos – pelo contato com a cultura
e a sensibilidade acumuladas ao longo da história das civilizações. A
transgressão a esses valores pode sofrer punição severa porque ameaça o
equilíbrio da organização social.
O estágio superior da sensibilidade humana se consubstancia
na Arte, em cujo exercício o homem pode desafiar regras e afirmar assim a
idealização de criatividade que a humanidade projetou para si mesma. O artista tende
à melancolia pelo paradoxo da sua imperfeição, no qual se perde enquanto tenta transformar
o próprio destino.
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