Há um território do sono em que as imagens se sucedem sobre o
vazio de um espaço infinito. Onde a vontade não atua e os sentimentos se movem
opacos, não existe neles o sangrar das emoções impensadas, nem tempo presente,
nem lembranças. Apenas uma paisagem em que os ventos revolvem restos da memória
e anunciam monções, tempestades,
pesadelos.
Há uma profunda solidão nos amplos patamares, aves de
agouro, sóis em crepúsculos vermelhos, baques amarelos, azuis devastadores. A
pequena sombra de um fugitivo que procura ultrapassar os limites da fuga e
mergulhar na imensidão do espaço. A música dos elementos desencontrados de um
carrossel alucinado.
Um menino atônito. Criança de visões despedaçadas em
caminhos encobertos. Corre, acena para alguém que o observa do alto e se mantém
calado. Não há luz suficiente para revelar esta paisagem em que o imaginário se
transforma na vida e seus recortes fugidios. Silêncio, fadiga e sobressalto.
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