domingo, 12 de outubro de 2014

O sono

Há um território do sono em que as imagens se sucedem sobre o vazio de um espaço infinito. Onde a vontade não atua e os sentimentos se movem opacos, não existe neles o sangrar das emoções impensadas, nem tempo presente, nem lembranças. Apenas uma paisagem em que os ventos revolvem restos da memória e anunciam monções,  tempestades, pesadelos.

Há uma profunda solidão nos amplos patamares, aves de agouro, sóis em crepúsculos vermelhos, baques amarelos, azuis devastadores. A pequena sombra de um fugitivo que procura ultrapassar os limites da fuga e mergulhar na imensidão do espaço. A música dos elementos desencontrados de um carrossel alucinado.


Um menino atônito. Criança de visões despedaçadas em caminhos encobertos. Corre, acena para alguém que o observa do alto e se mantém calado. Não há luz suficiente para revelar esta paisagem em que o imaginário se transforma na vida e seus recortes fugidios. Silêncio, fadiga e sobressalto.

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