Nosso universo emocional é dimensionado pelos sons, ao invés
da matéria, como se imaginaria. O nascituro ouve o que se passa a seu redor desde
sua formação no útero que o abriga. No momento em que nasce, o impacto dos
barulhos invade seu silêncio e constitui o primeiro trauma da sua vida. Conduz
ao choro mas também o instiga a reconhecer o ambiente em que passará a respirar
e viver.
O mundo é feito de ruídos surpreendentes que muitas vezes se
organizam em música, a arte das emoções que prescinde de palavras. Se cada
palavra traz em seu conteúdo uma determinada compreensão das coisas que nos
cercam, sua própria melodia contribui para o sentido das emoções existentes no
som que elas carregam. É assim que o poema existe.
A viagem do homem na Terra é uma busca angustiada do sentido
da sua própria existência. Não há resposta para a compreensão da sua lógica.
Beethoven foi um dos que organizaram sons que no seu arrebatamento e em seu sentimento
profundo nos ajudam a chegar perto do grande enigma.
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