segunda-feira, 30 de junho de 2014

Arraial

A aurora já nos encontrava no mar, a água tinha a cor metálica de chumbo. Batendo nas leves ondulações, o barco avançava e o cheiro do motor a diesel invadia o espaço até que ancorávamos na ponta do Cabo Frio. E começávamos a pescaria que se prolongava até que o sol forte nos expulsasse com o calor e o incômodo da nossa pele em brasa. O banho de mar nos devolveria o suave frescor da brisa que soprava a partir do começo da tarde.

Trazíamos peixes para o almoço, bebíamos e nos divertíamos na conversa à sombra do terraço. A praia quase deserta se estendia por quilômetros de areia branca e se perdia do olhar. Crianças corriam a beira mar, os pescadores cercavam com a grande rede os cardumes avistados do morro da vigia. E os arrastavam até a praia.


A noite era curta porque já estávamos com sono, bêbados e cansados. O por de sol já havia nos dado a quota diária de surpreendente beleza e às vezes o luar também surpreendia. Até os dias chuvosos eram belos com o sentimento que traziam de nostálgica solidão à beira mar. Nós éramos jovens e felizes e ninguém estava morto.

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