No aeroporto o velho discutiu com o jovem que passou à sua
frente na fila preferencial. Uma discussão violenta. Os outros passageiros se impacientavam
enquanto se resolvia o impasse. A moça atrás do balcão não conseguia dissimular
o constrangimento e nos outros balcões as pessoas também reclamavam da demora
ou do atraso.
No supermercado, no banco, nos guichês do metrô vêem-se sinais
do estresse no rosto de quem espera. Os mais velhos, lentos mas também
impacientes, reclamam. Os demais olham para eles como se fossem os culpados
pela demora. Pelas calçadas das ruas, quem tem pressa ultrapassa e recrimina os
que não possuem mais a agilidade dos jovens.
São os signos da saturação das cidades. Milhares de pessoas
disputam entre si o espaço urbano, os serviços, as áreas públicas e o lugar de
viver. Há o cansaço, a impaciência, a inimizade, o mau-humor e a decepção com o
mundo construido pelo homem à sua imagem e semelhança.
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