Hernán Cortez descobriu o peru nos mercados
astecas, durante a impiedosa conquista do México. Levou-o para a Europa, onde
substituiu o ganso que era servido à época nos grandes jantares de comemoração.
Mas foi a partir da ceia do Dia de Ação de Graças, nos Estados Unidos, que a
imponente ave passou a fazer parte do Natal de vários países, entre eles o
nosso.
Na origem do hábito de comer peru na ceia de Natal
encontra-se o ritual do sacrifício de vidas aos deuses das religiões. A mesa
farta do dia 24 de dezembro compensaria também as dificuldades vividas durante
o ano.
O sacrifício do peru obedece também a uma espécie
de rito. No Brasil, a tradição do interior mandava começar com o ato de lhe dar
um gole de cachaça. Poderia, assim, morrer descontraído e mais ou menos feliz,
capaz de oferecer uma carne mais tenra.
Doka, meu velho amigo, recebeu da mãe a tarefa de
sacrificar o peru na véspera do Natal. Foi para os fundos da casa, armado de
uma faca amolada, deu ao peru um gole de cachaça, tomou outro e repetiu o gesto
mais algumas vezes. Apareceu depois com o peru ainda vivo nos braços. Informou
à mãe e a todos que estavam na sala que aquele ali era seu amigo, bebia em
silêncio, bem comportado e não lhe atanazava o juizo. Não merecia morrer.
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