quarta-feira, 9 de julho de 2014

Velhinhos gays

Oprimidos quando eram jovens, eles hoje estão pelos botequins do bairro olhando os rapazes que olham para as meninas. Nesta Copa do Mundo, mistura de nações e raças em uma espécie de festa, os velhinhos gays se divertem, comportando-se como realmente são, sem precisar fingir a masculinidade que lhes é estranha.

Na juventude sofreram a angústia da rejeição, perseguidos pela moral da época, a religião e os costumes. Procuravam o amor à noite, como os gatos, no dizer de Pasolini,  em um forte poema que escreveu pouco antes de morrer, vítima de um cowboy da meia noite.


Eles agora estão por aí, discretos mas ousando gestual próprio, nem feminino nem masculino, atentos, acompanhando os rapazes que passam vestindo camisas das equipes de futebol do mundo. Na manhã do dia em que o time do Brasil foi derrotado, os quatro velhinhos gays que sempre vejo pela vizinhança andavam juntos no calçadão da praia. Cada um deles vestia uma camisa diferente: Brasil, Alemanha, Holanda e Argentina.

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