Oprimidos quando eram jovens, eles hoje estão pelos
botequins do bairro olhando os rapazes que olham para as meninas. Nesta Copa do
Mundo, mistura de nações e raças em uma espécie de festa, os velhinhos gays se divertem,
comportando-se como realmente são, sem precisar fingir a masculinidade que lhes
é estranha.
Na juventude sofreram a angústia da rejeição, perseguidos
pela moral da época, a religião e os costumes. Procuravam o amor à noite, como
os gatos, no dizer de Pasolini, em um forte
poema que escreveu pouco antes de morrer, vítima de um cowboy da meia noite.
Eles agora estão por aí, discretos mas ousando gestual
próprio, nem feminino nem masculino, atentos, acompanhando os rapazes que
passam vestindo camisas das equipes de futebol do mundo. Na manhã do dia em que
o time do Brasil foi derrotado, os quatro velhinhos gays que sempre vejo pela
vizinhança andavam juntos no calçadão da praia. Cada um deles vestia uma camisa
diferente: Brasil, Alemanha, Holanda e Argentina.
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