O noticiário sobre a morte de Ariano me lembrou nosso
encontro, quando o Teatro do Estudante da Paraiba procurava um espetáculo para
montar e alguém descobriu um belo texto na pequena biblioteca. Chamava-se
“Cantam as Harpas de Sião”, um poema de fôlego, pacifista, de estilo clássico,
arrebatador. O ano, se a memória não me
trai mais uma vez, era 1954.
Ninguém conhecia o autor, que se assinava Ariano Suassuna, porem
um de nós, mais imaginativo, informou
que se tratava de um dramaturgo do Século XIX, muito pouco conhecido. Todo
mundo aceitou essa informação porque nada se sabia dele. A peça foi ensaiada e
montada, com direção de Hermano José. No dia da estréia, no belo e pequeno Teatro
Santa Rosa, o porteiro foi aos camarins e disse que o autor da peça estava na
portaria pedindo para entrar. Tinha vindo de Recife, onde morava.
Deve ter sido um dos primeiros textos de Ariano a ser montado.
Depois da estréia fomos, todo o elenco, a equipe e ele, para o Cassino da Lagoa onde bebemos cerveja
até de madrugada. Ele tomou conta da conversa, levantou os espíritos, afastou
tristezas de adolescentes, foi sua primeira performance como aula e como espetáculo
pessoal. Algumas das histórias que contou, ao contrário de outras que ouvi ou
que vivi, nunca me saíram ou sairão da memória.
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