sábado, 26 de julho de 2014

Ariano

O noticiário sobre a morte de Ariano me lembrou nosso encontro, quando o Teatro do Estudante da Paraiba procurava um espetáculo para montar e alguém descobriu um belo texto na pequena biblioteca. Chamava-se “Cantam as Harpas de Sião”, um poema de fôlego, pacifista, de estilo clássico, arrebatador.  O ano, se a memória não me trai mais uma vez, era 1954.

Ninguém conhecia o autor, que se assinava Ariano Suassuna, porem um de nós, mais imaginativo,  informou que se tratava de um dramaturgo do Século XIX, muito pouco conhecido. Todo mundo aceitou essa informação porque nada se sabia dele. A peça foi ensaiada e montada, com direção de Hermano José. No dia da estréia, no belo e pequeno Teatro Santa Rosa, o porteiro foi aos camarins e disse que o autor da peça estava na portaria pedindo para entrar. Tinha vindo de Recife, onde morava.


Deve ter sido um dos primeiros textos de Ariano a ser montado. Depois da estréia fomos, todo o elenco, a equipe e ele,  para o Cassino da Lagoa onde bebemos cerveja até de madrugada. Ele tomou conta da conversa, levantou os espíritos, afastou tristezas de adolescentes, foi sua primeira performance como aula e como espetáculo pessoal. Algumas das histórias que contou, ao contrário de outras que ouvi ou que vivi, nunca me saíram ou sairão da memória.

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