domingo, 24 de novembro de 2013

Tédio

Alguns dias de viagem pela França me estimularam a procurar algum livro publicado recentemente, de preferência ficção, com o objetivo de reacostumar o ouvido e o pensamento à língua francesa. A opção por um romance foi motivada pela necessidade de enfrentar as esperas de aeroporto e a longa duração dos vôos com uma leitura que pudesse me absorver a atenção e ajudasse a vencer o tédio da viagem. Depois de pesquisar o balcão das livrarias, a escolha recaiu sobre La derniere conférence, de Marc Bressant, que ostentava uma faixa vermelha promovendo o livro com a informação de que ganhara o Grande Prêmio de romance da Academia Francesa.

Marc Bressant é o pseudônimo literário de Patrick Imhaus, ex-embaixador da França na Suécia e ex-presidente da cadeia TV5-Europe. Um diplomata especialista em questões de mídia, portanto. O livro deixa isto muito claro e aproveita a biogafia do autor pois trata de uma conferência diplomática internacional sobre informação e comunicação durante os dias confusos da queda do muro de Berlim e da grande crise russa e dos países da Europa do leste. O leitor ainda ganha, de quebra, as fofocas do mundo diplomático, o que se passa nos bastidores de uma longa conferência internacional, os conflitos e, para não deixar de falar de sexo, os casos amorosos que ocorrem entre diplomatas à margem de uma reunião como aquela.

leitmotiv do romance é o tédio. O tédio da diplomacia, o tédio da conferência, o tédio do narrador, embaixador francês numa tediosa crise profissional e pessoal.

Há muito que não leio um bom romance francês contemporâneo. Por onde anda a descendência de Flaubert, Camus, Gide, Genet, Sartre, Exupéry, Roger Martin du Gard e outros gigantes do romance francês?

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