sábado, 14 de novembro de 2009

As tribos


As variadas tribos de Copacabana validam a palavra diversidade, que anda na moda quando se fala de uma sociedade moderna que aceite de bom grado o direito das minorias. Pois minorias é o que não falta no bairro. A primeira delas é a dos velhos que habitam os prédios antigos e formam a primeira referência. Exibem sua pobreza e sua dignidade nos supermercados, nos bancos, nas festas e nas ruas distantes da praia. Eles vieram para cá nos anos cinquenta, antes que Ipanema e Leblon despontassem como áreas residenciais e muito antes da Barra, o enorme areal hoje ocupado pela classe emergente dos subúrbios.

Tem os boêmios que enchem os bares da noite e, entre as profissões noturnas, ainda se destacam as jovens prostitutas e prostitutos que fazem ponto na Avenida Atlântica. Um garçon me chamou a atenção para a raridade das velhas prostitutas de antigamente porque, segundo ele, as de hoje tomam drogas e morrem cedo.

Há o mundo, o submundo, os atletas, as favelas, os jogadores de cartas das praças públicas, os pequenos e os grandes ladrões, criminosos e policiais de todos os matizes. Todos vivendo juntos. 150 mil pessoas em 79 ruas, sem contar os turistas e os que vêm de outros bairros e enchem a praia no fim de semana.

Hoje, um sábado quente, o bairro ferve, os bares lotam, as mulheres se despem em Copacabana, o mais cosmopolita e democrático e também o mais louco dos bairros da cidade.

2 comentários:

heliojesuino disse...

Esse teu olhar de antropólogo sobre a Babel Copacabanensis não deixa passar mesmo nada.
De arrepiar foi a observação do garçom sobre as putas que não envelhecem por que morrem ainda jovens. Foram-se as velhas meretrizes...

Tempos vorazes esses !

Grande abraço

heliojesuino disse...

Celso, resgatei uma delas num conto do Sérgio Oiticica.
Tá lá no meu blog.

abraços