terça-feira, 24 de novembro de 2009
Noctâmbulos
Eles vagueiam pela noite nas ruas quase vazias, sempre sozinhos, e todos parecem ter uma maneira de andar meio curvada. Passeiam vagarosamente e sem olhar para os lados. De comum entre eles, a palidez dos noctâmbulos em contraste com a pele bronzeada dos frequentadores da praia, os jovens e os de meia idade que costumam ser vistos durante o dia ou no fim da tarde ainda afogueados do calor do sol.
Estão sempre na vizinhança das farmácias que abrem à noite e avançam as madrugadas nos bares noturnos onde entram apenas para tomar café. É muito raro vê-los conversando com alguém e uma das ruas preferidas por eles parece ser a Hilário de Gouveia, onde a delegacia de polícia permanece aberta durante toda a noite.
Não se confundem com os que exercem atividades noturnas – garçons, prostitutas, taxistas e marginais diversos – pois o que fazem é apenas andar, vagar pela noite.
Não sei quantos são, mas tenho certeza de que não são poucos esses estranhos personagens de Copacabana, habitantes da noite que devem se sentir melhor movendo-se nas sombras.
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2 comentários:
São reses desgarradas da manada, Celso.
Já fui uma quando morei fora do Brasil (vale dizer do Rio), experiência que nunca mais pretendo passar em minha vida.
Mas a ruptura era só geográfica e, eu sabia, passageira.
A solidão dessa gente é de outra ordem.Eles são estrangeiros de si mesmo ...
É uma tribo, como vc notou muito bem, medularmente lunar.
Deambulam sua solidão pelas sombras do mundo e as calçadas de copacabana não poderiam estar fora desse calvário.
Na minha página tem uma série sobre os andarilhos onde esse teu texto cairia como uma luva.
Se vc me permitir gostaria de levar pra lá.
grande abraço
O texto é seu, Helio.
Publique também o seu belo comentário.
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