domingo, 8 de novembro de 2009

O estouro da boiada


Em plena primavera, aí está o verão com seus sobressaltos. Já bateu o recorde de calor do ano e as mulheres estão mais nuas. O suor que escorre e o semblante aflito das pessoas trazem a certeza de que pelo fim de dezembro, princípio de janeiro, a cidade verá amolecer o asfalto das ruas. Ontem, um gaiato já fritava um ovo numa depressão da calçada da Avenida Atlântica.

Dizem que vai chover mas a previsão do tempo no Hemisfério Sul não merece confiança e as praias vão continuar ocupadas por multidões que cobrem completamente a faixa de areia. As praias trazem perigo, neste calor, pois os jornais gostam de anunciar arrastões e basta uma altercação entre dois banhistas para provocar o estouro da boiada. As pessoas começam a se afastar da briga, algumas correm e, de repente, dá-se o pânico, uns atropelam os outros e os ratos de praia fazem a festa.

Nenhuma multidão é capaz de pensar. Ela obedece ao comando do mais louco dos seus componentes

Um comentário:

Rodrigo Miranda disse...

Ontem à tarde vivemos esta exata experiência nas areias de Ipanema. Quando se dispersou o suposto arrastão comentamos sobre um fenômeno, no mínimo, interessante. Observamos um certo prazer que a maioria dos vizinhos de nossa barraca sentiram. Parece que as pessoas, moradores ou turistas, gostam de participar desses fenômenos tipicamente cariocas para depois terem assunto ou para se sentirem sobreviventes da nossa violência do dia a dia.