segunda-feira, 10 de novembro de 2014

SRD

Ela tem poucos meses de vida e vai ocupando os espaços da casa. A lembrança da outra ainda não se dissipou e às vezes me faz chamá-la pelo nome da que morreu. Mas não se intimida, pula no colo, interrompe minha leitura, pisa no teclado do computador a me dizer que está presente, ali mesmo, e me olha desafiadoramente.

Acompanha-me quando me levanto, entrelaça-se entre minhas pernas, arrisca-se a um acidente, pois posso pisá-la, ela pode me provocar um tropeço e queda. Cresce pelo milagre da comida. Sua cauda ganha corpo, torna-se peluda como a dos angorás, revela a mistura de raças de uma espécie mestiça, independente e misteriosa. Em sua identidade veterinária está escrito SRD, ou seja, sem raça definida


Aprendeu a pedir comida, seus frágeis miados já ganharam diferentes tons, cada um deles significa uma mensagem determinada. Um desses miados me impressiona. É quando ela olha com profunda atenção para dentro dos meus olhos e procura me dizer algo que não consigo entender mas finjo que compreendo, acaricio seu pelo e então ela fecha os olhos e finge que está dormindo.

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