Olho o mundo em volta e se levanta a poeira cinza dos
acontecimentos inúteis, da ressaca dos dias e dos gestos intermináveis de
demência. Evito as trevas do noticiário geral que destila ódio, ressentimentos,
crime, hipocrisia e o inevitável horror de quem só observa o exterior de todas
as coisas.
As ruas destilam sua pobreza e também as ameaças visíveis
até no olhar das crianças. Miseráveis dormem nas calçadas, viaturas policiais
transbordam suas sirenes de alarme e as multidões ocupam as praias
permanentemente sujas. Há filas de velhos nos bancos, supermercados, e nos
postos de vacinação. As mulheres estão gordas.
O céu é azul, os dias claros, o outono amenizou o tempo. O
vento fresco espalha tédio pelos quadrantes do mundo apesar das guerras, da dor
acompanhando os fugitivos e do olhar dos condenados à morte. A dança dos
fantasmas ronda os presídios, favelas, as habitações burguesas e o pátio das
escolas.
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