sexta-feira, 2 de maio de 2014

O tédio


Olho o mundo em volta e se levanta a poeira cinza dos acontecimentos inúteis, da ressaca dos dias e dos gestos intermináveis de demência. Evito as trevas do noticiário geral que destila ódio, ressentimentos, crime, hipocrisia e o inevitável horror de quem só observa o exterior de todas as coisas.

As ruas destilam sua pobreza e também as ameaças visíveis até no olhar das crianças. Miseráveis dormem nas calçadas, viaturas policiais transbordam suas sirenes de alarme e as multidões ocupam as praias permanentemente sujas. Há filas de velhos nos bancos, supermercados, e nos postos de vacinação. As mulheres estão gordas.


O céu é azul, os dias claros, o outono amenizou o tempo. O vento fresco espalha tédio pelos quadrantes do mundo apesar das guerras, da dor acompanhando os fugitivos e do olhar dos condenados à morte. A dança dos fantasmas ronda os presídios, favelas, as habitações burguesas e o pátio das escolas.

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