sábado, 10 de maio de 2014

Crepúsculo

No lançamento de um de seus livros, Jorge Luis Borges escreveu na dedicatória para uma adolescente que a ela dedicava não o exemplar em suas mãos, mas um certo por de sol que havia contemplado muitos anos antes de ela ter nascido. Borges dizia, a sua maneira, que aquela menina merecia algo que fosse mais belo do que seus poemas.

Numa outra ocasião, ele disse que o crepúsculo é uma alucinação “que impõe ao espaço o medo unânime da sombra”.  Pois quando o sol se põe, ou se deita, como dizem os franceses, dá-se o fim de um dia e as trevas começam a substituir a luz. A noite foi em todos os tempos a hospedagem do medo.


Mas o momento marcado pelas cores vibrantes que vão se acalmando encanta  pela força da sua beleza repetida em cada desmaiar do dia. Mesmo que simbolize também um instante de pressentimentos sombrios, quando os enfermos costumam temer a morte na percepção de que a luz desaparece e em seu lugar vai prevalecer a escuridão.

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