No lançamento de um de seus livros, Jorge Luis Borges
escreveu na dedicatória para uma adolescente que a ela dedicava não o exemplar
em suas mãos, mas um certo por de sol que havia contemplado muitos anos antes
de ela ter nascido. Borges dizia, a sua maneira, que aquela menina merecia algo
que fosse mais belo do que seus poemas.
Numa outra ocasião, ele disse que o crepúsculo é uma
alucinação “que impõe ao espaço o medo unânime da sombra”. Pois quando o sol se põe, ou se deita, como
dizem os franceses, dá-se o fim de um dia e as trevas começam a substituir a
luz. A noite foi em todos os tempos a hospedagem do medo.
Mas o momento marcado pelas cores vibrantes que vão se
acalmando encanta pela força da sua
beleza repetida em cada desmaiar do dia. Mesmo que simbolize também um instante
de pressentimentos sombrios, quando os enfermos costumam temer a morte na
percepção de que a luz desaparece e em seu lugar vai prevalecer a escuridão.
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