Há muitos anos, há distantes, longos anos, quando todos ainda
estávamos vivos, sentávamos às margens do Capibaribe e, noite a dentro, procurávamos
entender o mundo. Em nossa volta juntavam-se meninos de rua, pequenos delinquentes
que viviam de pequenos furtos mas que não nos incomodavam.
O líder desses meninos – Piaba – ganhou o apelido pela
técnica de pular no rio e nadar rapidamente até a outra margem quando a polícia
o perseguia. Contou que só conseguiram lhe prender uma única vez mas fugiu do
reformatório na primeira semana e voltou para as margens do rio e para as ruas
do Recife.
Uma noite discutíamos o valor das coisas e um dos amigos
revelou estar juntando algum dinheiro para uma caneta Parker 51. Na noite
seguinte, recebeu de Piaba uma de presente. Não quis aceitar, mandou
que fosse devolvida de onde viera e, mais uma noite depois, Piaba informou que
tinha vendido a caneta e podia nos pagar uma cerveja.
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