terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Imagens

Às vezes tenho a impressão de vê-la em algum canto da casa. A imagem do seu movimento elegante de insinuar-se por entre os móveis procurando caminho até chegar onde eu estava, aproximar-se e depois aninhar-se a meu lado. Ou quando tiro os olhos do monitor para vê-la cochilando ao lado da tela.

Ela me acompanhava para onde eu fosse dentro do apartamento e, quando saia, me acompanhava até a porta. Na volta, ignorava por algum tempo a minha presença como para me dizer que eu não lhe fizera falta. Ambos sabíamos que era uma forma de punir a ausência porque, pouco depois, ela retomava o hábito de me seguir para onde eu fosse.


Por isso a memória traz a sua presença. No quarto, na sala, no escritório onde trabalho e agora escrevo este post com uma imagem que sempre retorna a minha memória: a de seu olhar fixo, ela já muito doente, olhando dentro dos meus olhos. Foi no dia em que saí de viagem para nunca mais voltar a vê-la.

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