quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Mendigos

Muitos mendigos desapareceram das ruas de Copacabana, talvez porque os turistas ainda não chegaram – eles preferem o verão – talvez em busca de outros bairros mais nobres e mais ricos. Mas ainda existem os que defendem o seu ponto e entre eles se destacam a mulher elegante, o da falsa dor de dente e o da falsa paralisia cerebral.

Ela não chega a ser propriamente elegante mas, a julgar pelas roupas, dificilmente seria identificada como pedinte. Está sempre sem dinheiro para a passagem e na sua abordagem, com expressão preocupada no rosto, pede dinheiro para completar o preço da viagem de ônibus até Nova Iguaçu. Sempre nas imediações da Praça Serzedelo Correa, sua tática tornou-se conhecida nas redondezas e já não faz tanto efeito. Estaria na hora de procurar outro ponto.

No sinal de trânsito da Avenida Atlântica, com o rosto denotando enorme sofrimento, ele põe a mão no queixo e, com a ajuda da outra, balbucia um pedido. De vez em quando, para descansar o braço, troca de mão e de lado do queixo. Já o vi sorrindo e conversando, antes de incorporar a dor de dente e começar a performance.

O outro imita com perfeição um portador de paralisia cerebral. Movimentos desordenados, andar de pernas bambas e voz engrolada, sorridente e simpático. Já testemunhei seu desembaraço, ereto e elegante, desfilando num bloco de carnaval na Barata Ribeiro, abraçado a uma bonita mulata.

3 comentários:

Joéliton Santos disse...

Oi......gosto do blog....lindo..

Tenha um bom dia!
Abraços

heliojesuino disse...

Tem um que faz ponto na calçada da leopoldo Miguez entre a miguel lemos e xavier da silveira.
Escreve compulsivamente num caderno, hábito aliás, bastante comum entre eles. Uma vez filou-me um cigarro e aproveitei pra tentar uma espiada no seu work in progress. Fechou o caderno e orgulhosamente recusou o cigarro oferecido indignado com a minha curiosidade.
Correu um boato que seria um irmão mais novo do Alfredinho do Bip de quem é mesmo muito parecido.

Maldade pura ...

Rodrigo Miranda disse...

Há também os casos em que são criadas estórias para esses personagens. No Largo da Carioca, mais precisamente nos arredores do prédio da Caixa Econômica, tem uma que dizem ser funcionária aposentada da instituição. Nesse caso, não sei se é piada.