quinta-feira, 28 de julho de 2016

O medo





No poema a que deu como título Congresso Internacional do Medo, Drummond escreveu “cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
 Depois morreremos de medo 
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.”

Pois o medo acompanha até os heróis valentes. Seus atos destemidos na maior parte das vezes são impulsionados pelo pavor e não pela coragem. A indústria milionária dos filmes de terror explora as fobias irracionais das audiências. Muitos são os que não viajam de avião e os que temem andar pelas ruas do Rio de Janeiro. Desde a infância somos perseguidos pelos fantasmas do medo. Na internet, são muitas as mensagens que amedrontam advertindo sobre vírus mortais e outras ameaças à vida e à saúde.

Doka me confessou que acordara numa ressaca enorme depois de uma noite de bebedeira e foi tomado de pânico. Perguntei o que lhe despertara este pesadelo irracional e ele me respondeu que nada especificamente. Apenas abrira os olhos e sentira-se de corpo e alma assaltado pelo medo difuso mas avassalador de continuar a viver.

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