terça-feira, 22 de abril de 2014

O tempo e o grito

Este céu azul e a temperatura amena do outono tornam bons estes dias em que o calor sufocante do verão ficou na memória. Talvez prenunciem um inverno frio, pois vivemos a era dos extremos e tudo se radicaliza. O tempo, as idéias, as temperaturas do clima. O horizonte político do nosso entorno, eventos, protestos, tudo conspira para uma atmosfera pesada.

No ambiente de uma cidade de trânsito parado, com todas as dificuldades previsíveis mas não evitadas, as ruas parecem dizer que as grandes metrópoles fracassaram. Seus habitantes sofrem com a violência em todos os seus significados e parecem conformados. Os protestos são apenas protestos, nada propõem a não ser mais violência.


Marquinhos, o maluco da vizinhança, cuja face expressa sempre aquela mistura de perplexidade, ódio, dor e compreensão de tudo, ouvia hoje pela manhã o seu rádio que está sempre mudo. Olhava para o alto dos edifícios, prendia a respiração e de vez em quando soltava um grito forte, talvez de revolta, quem sabe de desespero ou mesmo de ironia.

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