Acordei com um bem-te-vi cantando em minha janela. O sol
acabara de nascer e uma névoa tentava mas não conseguia esconder a sua luz que
era suave àquela hora. Um vento frio soprava do mar para as ruas de Copacabana.
Um dia de outuno, deste outono estranho em que não chove, as folhas não caem e
a fumaça dos automóveis condensa-se nos engarrafamentos que hoje fazem parte da
paisagem urbana.
Os bem-te-vis são aves espertas, adaptáveis a qualquer
ambiente, sobreviventes em qualquer tempo. Seu forte canto me acorda neste
bairro onde a natureza encontra-se ferida pelos maus-tratos que recebe mas
insiste em prevalecer.
Os índios tupis a chamavam de “pitanga guassu” - pitanga grande - e na Argentina lhe dão o
nome de “bichofeo”. Como chamar uma ave como o bem-te-vi de bicho feio? Ele
pode ser visto em quase todos os países, é um dos melhores distribuidores de
sementes pelo mundo e hoje, bem cedinho, pousou em minha janela e me despertou
com as três sílabas inconfundíveis do
seu canto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário