Nos quadros antigos da cidade, está sempre retratada a
presença de alguém a beira-mar, com o olhar perdido sobre o oceano. O Rio é uma
urbe marítima e assim foi concebida, mas em algum momento começou a perder
sua identidade. Os aterros e construções exóticas afastam cada vez mais o mar
e sua brisa.
Vai-se de Copacabana ao centro sem se notar a presença das
águas. Uma muralha de quiosques, arenas esportivas, palcos e estranhos
alambrados roubam a paisagem que sempre emoldurou a cidade. Aos poucos vão
escondendo o horizonte sem fim que outrora trouxe ao homem a sensação de liberdade
e o sentimento de um olhar sem limites.
Hoje, a manhã começou disseminando claridade sobre os
edifícios, invadindo a copa das árvores plantadas sobre as calçadas. Raros
passantes, poucos automóveis, um sorveteiro atravessa a rua e alguns atletas se
dirigem à Avenida Atlântica para começarem a correr, caminhar ou apenas para
ver o mar. Mas um dia não existirá o mar.
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