Doka, depois de muita bebida, foi censurado pelo filho e
respondeu que o mundo não merece a lucidez. Ele queria dizer que, bêbado, era
capaz de enfrentar os conflitos e o absurdo da realidade. E seria capaz de aceitá-la
em seus abismos. Doka costumava falar da ilusão do amor e da dificuldade humana
em compreender a falência das relações sentimentais.
Ele ia além na sua recusa à lucidez, pois era capaz de
justificar o suicídio como forma válida de protesto diante do fracasso da humanidade.
E concluía erguendo um brinde à estupidez dos homens.
Doka não morreu de doenças causadas pelo alcoolismo nem
chegou ao suicídio como protesto, como fez Mishima, de maneira ritual e
espetacular. Ele simplesmente vestiu o
terno branco que sempre usava, beijou a mulher, dirigiu uma piada ao filho,
saiu de casa e desapareceu.
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