Quando revisitamos alguns lugares da infância, eles nos
parecem menores, bem mais acanhados do que nossa memória havia registrado. Reaparecem despidos da majestade que nossa lembrança
lhes atribuia. Isso ocorre também com quase tudo que fantasiamos: paisagens,
pessoas, incidentes e percalços. Foram menores, na realidade, quase
insignificantes diante do que provocaram de medo ou deslumbramento.
No legado da nossa miséria, a bela metáfora de Braz Cubas,
segundo Machado de Assis, estão misturados fatos vividos sem a certeza de que
foram mesmo daquela forma que ficou presente na memória. Revisitados, reaparecem
como lembranças ínfimas.
A memória é a matéria que nos resta dos conflitos. Traz consigo também a dúvida de se
o que foi vivido foi real, reflexo de sonho ou apenas a surpresa de uma criança
diante do espanto e das descobertas da vida.
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