domingo, 26 de janeiro de 2014

Escritores

Os escritores têm um fantasma que os assombra ao fim de cada livro, de cada texto:  o de terem secado, tornando-se incapazes de voltar a escrever.  O ofício literário é cansativo, um trabalho braçal, se permitida a metáfora. Muitos terminam sua tarefa – romance , conto, poesia – num tal estado de fadiga mental e emocional que chegam a passar muito tempo sem nada produzir.

João Antonio não escondia o mau humor quando lhe cobravam o próximo livro. “’É porque não sabem o trabalho que dá”, dizia. Hemingway tinha tal medo de secar que, dizem, quando realmente secou e teve consciência disso, matou-se com um rifle de caça. Rimbaud, certo dia, ainda muito jovem, parou de escrever e viajou para a África, onde se dedicou a vários negócios estranhos e só voltou para morrer. Mas deixou para trás uma poesia definitiva na literatura mundial.


Talvez por isso o alcoolismo seja tão frequente nos escritores.  Entre tantos outros, os americanos Jack Kerouac, Raymond Chandler, Charles Bukowski, Jack London, Scott Fitzgerald, Edgar Allan Poe, Faulkner e o próprio Hemingway foram todos alcoólatras atormentados por essa estranha maldição.

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