terça-feira, 30 de março de 2010
O homem que bebia cerveja
Conheci gente que resolveu se matar bebendo. Uma forma de suicídio sem dor e talvez com algum prazer, apesar da destruição do fígado. Eram pessoas ternas, sentimentais, risonhas e de humor ligeiramente cáustico que não conseguia esconder o desencanto. Marcelinho Cachaça, Murilo, Gelon, Doka, Abílio, todos eles mergulharam sem desespero na escuridão, de onde jamais sairam.
A lembrança deles me vem por causa do homem gordo que bebia cerveja no botequim da Rua Inhangá. Chegava por volta das sete horas da manhã, quando o bar abria as portas, sentava-se e lá ficava grande parte do dia. Olhava os passantes com ar de ironia, os que iam à praia, os corredores, os atletas do calçadão de Copacabana.
Às vezes ele acompanhava o copo de cerveja de um cálice de bebida branca. Cachaça, vodka, um destilado qualquer para aumentar o teor da cerveja.
Há dias que não o vejo.
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Um comentário:
Não há de ser nada sério, Celso, vai ver resolveu dar uma variada, tá tomando as dele num outro boteco.Numa boa como soem ser os gordos.
Por aqui ou alhures ...
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