sexta-feira, 2 de abril de 2010

As dúvidas do embaixador


Um diplomata que passou mais de vinte anos fora do país disse na volta que ainda não se reacostumara com duas manias dos brasileiros. Para protestar contra o atraso do trem, os brasileiros quebram o trem; e não havia como entender o hábito dos homens de coçar em público a genitália.
Também o impressionava o culto da Índia e do hinduismo por um segmento da classe intelectualizada, num misticismo alternativo que busca entender o mundo e a si mesmo com a importação de uma religião exótica. Quando voltou da Índia e passou pelo complexo da maré, disse ele, viu como aquelas construções eram melhores do que as casas da classe média de Deli. Pensou que o hinduísmo poderia ter tomado, naquelas favelas, o lugar das seitas evangélicas dominantes.
O embaixador morreu sem entender por que o homem brasileiro usa gravata no clima tropical do país, por que quebram os trens para protestar e por que não cultivavam o hábito lavar a genitália.

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